Os cinquenta anos do golpe de 64 direciona a nossa memória para os crimes políticos e culturais da ditadura contra a sociedade brasileira. O fechamento do Centro Popular de Cultura da UNE, representou um grave retrocesso histórico que só fez aumentar a distância entre artistas revolucionários e o proletariado. Sentimos ainda hoje os efeitos do sepultamento do CPC, sobretudo quando os meios artísticos se fecham no gozo privado da sua masturbação estética e os trabalhadores engolem colheradas de futebol e cultura de massa.
Entre o conformismo e o inconformismo o CPC apresentou um projeto de arte nacional contrário ao imperialismo. Não era nem arte do povo e nem arte popular, mas arte popular revolucionária. Portanto era uma produção artística consequente e consciente de que a luta de classes é o que deve condicionar a arte e não os fantasmas interiores da classe média. É o povo quem protagoniza a cultura engajada dos tempos do janguismo, como o próprio CPC registrou: " Os membros do CPC optaram por ser povo, por ser parte integrante do povo, destacamentos do seu exército no front cultural ".
Muitos criticam o projeto estético do CPC como sendo " obreirismo ", " visão teleológica ", " paternalismo esquerdista " e até " zhdanovismo ". Besteira: estes argumentos reacionários apenas colaboram para as especulações de manifestações artísticas vazias e distantes do povo. São estes mesmos argumentos formalistas e pequeno burgueses, utilizados neste blog inclusive pelos meus amigos denominados Independentes, que desandam os objetivos revolucionários da arte. Um recado para eles: falem menos de tropicalismo, contracultura, pop e surrealismo. Olhem para o povo, pois é o artista engajado que preocupa a burguesia(seja em 1964 ou hoje em dia)
José Ferroso
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