domingo, 25 de fevereiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 97

Tratando-se dos problemas cinematográficos o diagnóstico permanece o mesmo:

NÃO EXISTE SAÍDA PARA O CINEMA BRASILEIRO FORA DO CINEMA POLÍTICO

Este não é um parecer dogmático ou como diriam alguns uma conclusão sectária. O fato é que o grosso da produção cinematográfica brasileira e mundial, distanciou-se consideravelmente das questões postas pelo processo histórico. Num mundo regado pela linguagem do vídeo game e pelo esquematismo estético de boa parte da indústria cultural, o cinema não pode se contentar em ser uma diversão a mais: o cinema, especialmente na era digital(quando a produção e circulação do audiovisual adquirem uma proporção incrível) , permanece como poderoso instrumento para interpretar e agir sobre os destinos políticos da humanidade.
 O cinema brasileiro poderá superar a inércia dos pequenos dramas individuais(encontramos  muitos enredos que não mostram/acrescentam nada sobre os dramas concretos do espectador de origem proletária) e a redundância formal da linguagem comercial, se retomar o esforço revolucionário para solucionar os problemas da forma e do conteúdo:

1- Pesquisar as possibilidades do choque estético a partir da montagem.

2- Articular os efeitos estéticos da montagem com argumentos que tratem da História do Brasil(filmes capazes de narrar a luta de classes na construção da realidade brasileira desde o período colonial até os nossos dias). 

Não se trata de reduzir todas as necessidades de expressão cinematográfica no campo dos problemas da coletividade. Dramas individuais e comédias sem grandes preocupações sociais, não são nunca censuráveis(não queremos que todos os filmes brasileiros possuam necessariamente intenções políticas). Entretanto, pesquisar os dramas históricos a partir da linguagem cinematográfica significa dar aos espectadores imagens em que ele se reconheçam como parte de uma construção social, de um processo histórico: carecemos hoje de filmes que captem os dramas coletivos do nosso povo. Filmes que possam colocar personagens populares como sujeitos históricos.

A alfabetização política no Brasil passa necessariamente pelo cinema. Eis um desafio a ser considerado por todos os militantes de esquerda. 

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