segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A nossa música:


A coisa mais triste que pode existir na música brasileira é quando jovens brasileiros a desprezam. Sempre defendi e sempre defenderei que as melodias desconhecem as fronteiras nacionais, sendo nefasta a xenofobia musical(assim como qualquer outra forma de xenofobia). Isso é uma coisa. Agora desprezar as bases da música desenvolvida no Brasil é uma atitude colonizada e culturalmente irresponsável. É incrível como ainda existem pessoas que se comportam da mesma maneira como a elite do século XIX: caluniava-se a música de origem afro para ovacionar a música clássica e a marcha militar. Existe um elemento político presente nesta lógica: marginalizar a música popular é uma estratégia para banir do terreno sensível a produção artística das classes exploradas.
 Ao valorizarmos as qualidades combativas da música popular brasileira precisamos fazer justiça às nossas raízes culturais populares. É por estas e outras que precisamos ter os ouvidos e o coração aberto para a obra de gente como Chiquinha Gonzaga. Esta compositora subverteu padrões estéticos e comportamentais, colocando a arte do povo brasileiro no centro da criação musical.


                                                                                                     Tupinik

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

" o desempresário " da tropicália:


Na hora de observarmos o legado tropicalista não podemos cair na generalização de que " tudo foi uma jogada comercial ". Nada disso! Entre a banana e a mercadoria, a tropicália foi uma resposta esteticamente subversiva frente à crise dos modelos nacionalistas de arte engajada. O apetite comercial chegou rasgando e certo ecletismo político levou a absorção do movimento pela mídia capitalista. Entretanto, alguns nomes do tropicalismo merecem ser estudados/considerados pela sua radicalidade que desafiou a irresponsabilidade comercialesca. Este é o caso do poeta e artista gráfico Rogério Duarte.
 Auto intitulando-se " o desempresário da tropicália ", Rogério Duarte foi um rebelde de primeira grandeza. Desafiando padrões estéticos convencionais dentro da esquerda brasileira, este artista está ao lado dos nomes mais radicais e indigestos da tropicália. Não foi por acaso que a repressão policial veio com tudo para cima dele. Sempre quando a caretice ameaça a arte brasileira, Rogério Duarte nos ajuda a tropicalizar/subverter os padrões estabelecidos.


                                                                                             Os Independentes

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A literatura para Walter Benjamin:


O pensador alemão Walter Benjamin é um socorro teórico para a crítica literária marxista. Enquanto que Lukács insistiu num realismo tradicional, avesso às experiências estéticas modernistas, Benjamin valorizou o que existe de mais avançado na literatura contemporânea. A análise marxista de Benjamin contemplou a importância da alegoria e das estéticas fragmentárias enquanto microcosmos da História. Baudelaire, Proust, Kafka, Brecht e os surrealistas franceses são alguns dos temas das reflexões de Benjamin na investigação do mundo moderno.
 O legal em Walter Benjamin é que não existe receita de bolo para a literatura. O romance moderno, a poesia de vanguarda e o teatro político seriam demonstrações explosivas de que a arte, em seus caminhos, integra-se ao processo de histórico de luta pela emancipação humana na sociedade atual. Leiam tudo.


                                                                                      Lúcia Gravas

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

David: pintor revolucionário ou contra-revolucionário?


 Jean Jaques Louis David não é apenas um pilar da estética neoclássica. O pintor francês também é lembrado pelo seu engajamento na Revolução francesa e pelas suas ligações políticas com o Império napoleônico. Este " vidraceiro da Revolução " como era chamado pelos críticos girondinos, foi pioneiro em fazer da pintura a construção de imagens revolucionárias, que arrebentavam com pinceladas e canhões a sociedade do Antigo Regime. Entretanto, como explicar que o artista militante do Clube dos Jacobinos, amigo de Robespierre e Marat, tenha se tornado pintor oficial do império de Napoleão Bonaparte?
 Longe de ser mera curiosidade para historiadores da arte ou especialistas acadêmicos, este exemplo histórico nos mostra que todo artista revolucionário necessita de coerência política se quiser que sua obra contribua com a libertação dos setores oprimidos. O fato é que a dimensão revolucionária da pintura de David, iria conformar-se plasticamente com a propaganda política da contra-revolução de Napoleão.  Criar a imagem de um Napoleão heroico foi um gesto de capitulação que renegou as raízes jacobinas do artista.

                                                                                          Lenito

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O norte da rebelião cultural:

Toda carga burguesa que impregnou a ideia de arte não foi ainda totalmente destruída. Não é apenas uma questão estética mas política: a liberdade de composição plástica, legada pela arte moderna e pela arte contemporânea, vem sendo caluniada por um liberalismo que há décadas converte a obra de arte em valores financeiros. Se os indivíduos na sociedade burguesa são obrigados a gerar o tempo inteiro valores financeiros , obviamente que a arte também encontra-se pregada na porta de todas as lojas que saqueiam o espírito. Será que a simples negação, a velha antiarte, é o caminho para a sabotagem cultural contra o mundo burguês? O futuro da arte não está na arte em si mas na política: o artista não pode pelos recursos estéticos libertar-se das cadeias econômicas do capital. A arte que cultiva um sentimento de rebelião contra o status quo, depende da luta política que colocará abaixo o capitalismo. Não importa se isto pode demorar: não é hora de sermos vaidosos mas de inserirmos nossa criação num projeto histórico que nega o presente estado de coisas.

                                                                             Os Independentes 

                                                             

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Um ator combativo:


Na hora de estabelecermos uma revisão crítica do teatro revolucionário brasileiro, o ator Renato Borghi precisa receber um destaque especial. Não é paparico, coisa que não faz sentido em um periódico de esquerda, mas uma constatação objetiva: a vocação contestadora de Borghi no teatro brasileiro dos anos sessenta e setenta, o coloca como um agente modernizador do palco brasileiro. Ao lado de Zé Celso, Renato Borghi deu vida ao ideário cênico e antropofágico de Oswald de Andrade, contribuindo para o processo de radicalização estética da arte brasileira na conjuntura de 1968.
  É importante frisar que diante das 2 grandes tendências que se formam no interior do Teatro Oficina na transição dos anos sessenta para os anos setenta, ou seja a divisão entre " representativos " e o coro da " marginália ", Borghi opta pelos primeiros mediante a necessidade de definir a sua identidade teatral na luta contra a sociedade burguesa. Ele rompe com o grupo mas segue na trilha do teatro político: ao longo da década de setenta, o significado de resistência política do teatro somou-se com a energia e a criatividade de Renato Borghi. Este ator está entre os grandes guerrilheiros dos nossos palcos.


                                                                                Geraldo Vermelhão

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Soy Cuba e o cinema revolucionário:


Na ânsia de problematizarmos o cinema político, exibiremos neste próximo sábado(dia 22/08), no MIS(Museu da Imagem e do Som) da cidade de Campinas, na sessão das 16 h,  um clássico do século XX: o longa Soy Cuba(1964), do diretor soviético Mikhai Kalatozov. Esta coprodução entre Cuba e União Soviética desperta intensos debates de ordem estética e política. Num momento em que o imperialismo norte americano passa a devorar a ilha pelas beiradas, é necessário que a esquerda como um todo, faça um debate sobre as experiências culturais de Cuba.
 O filme envolve 4 histórias independentes que traçam um retrato de Cuba entre a derrubada do ditador Fugêncio Batista e a Revolução de 1959. O campesinato explorado e oprimido pelo governo de Batista, a jovem que se prostitui para sobreviver, o vendedor de frutas e os estudantes comunistas reprimidos pela polícia. são situações que no plano ficcional saltam aos nossos olhos: através de uma fotografia impressionante, tais situações são percebidas enquanto problemas reais. Entretanto, na época do  lançamento do filme não ocorreram maiores entusiasmos em Havana e Moscou. Os cubanos em especial possuíam um interesse maior pelo Cinema Novo brasileiro do que pelas limitações acadêmicas da lente do cinema soviético daquele momento.
 Visto que a liberdade dos artistas foi efetivamente problemática no governo de Fidel Castro, a questão é que não podemos negligenciar o legado cultural revolucionário cubano(apesar de suas contradições/deficiências). Esta memória cinematográfica dos tempos da guerra fria, merece ser revista, examinada e avaliada em sua proposta política e em suas especificidades estéticas.


                                                                                                           Lenito

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O escritor militante

O escritor militante não reconhece o sucesso individual e outras formas de alpinismo intelectual. Escrever é agir e portanto participar ativamente do processo político. Não se escreve no vácuo, na estratosfera das letras. A criação literária não flutua, ela é parte integrante da superestrutura ideológica. Portanto a obra literária implica numa posição política no interior do modo de produção capitalista. Na ampla variedade estilística e nos mais amplos traços que definem a personalidade e o temperamento de um autor, o texto exprime inevitavelmente uma posição de classe. Não precisamos de literatos mas de escritores revolucionários, que participam ativamente das lutas do proletariado. Um poema pode ser mais barulhento que uma pedrada. A inspiração não é deleite: é estilingue poético.


                                                             José Ferroso/ Geraldo Vermelhão

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Referências básicas dos militantes revolucionários da cultura:

Breton +Trotski+Lenin+ Marx+ Engels+ Maiakóvski+ Péret+ Brecht+Artaud+Ginsberg+ Glauber+Debord+Godard+Eisenstein+ Vertov+Buñuel+ Rimbaud+Lautréamont+ Oswald+Pagu+Pedrosa+Oiticica+Tropicalismo+Beat generation+Dadá+ Marcuse+Benjamin+ Graciliano+ Zé Lins+ Freud+ Reich+Sganzerla+ Meyerhold, etc, etc e tal...


                                                                                         Os Independentes

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O rock enquanto expressão da juventude:


 Não se espante quando um garoto afirma que rock é coisa de granfino. Apesar disso não ser totalmente verdade(afinal ainda existem bandas punks que botam pra quebrar) hoje o canal de comunicação entre rockeiros e jovens rebeldes anda bastante prejudicado pelo conservadorismo político. Nem sempre foi assim: lembremo-nos que em 1968 várias bandas sentiam-se parte do movimento de rebelião contra a sociedade burguesa. Os Beatles, por exemplo, deram o seu parecer sobre os acontecimentos da época com a canção Revolution. Podemos discordar da maneira como John Lennon e companhia entendiam a palavra Revolução, No entanto, o quarteto inglês testemunhava em suas atitudes e sobretudo no seu trabalho musical aspectos progressistas dos jovens de 68. Mas e hoje em dia? Ou as bandas de rock resgatam a sua energia rebelde, de enfrentamento e recusa do status quo, ou o gênero será lembrado apenas a partir dos seus clássicos.


                                                                                                          Tupinik

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Mário de Sá e a rebelião futurista:


 O poeta português Mário de Sá Carneiro foi um autor da radicalidade. Junto a Fernando Pessoa, Mário de Sá eletrizou as letras portuguesas e tirou a poeira da literatura. Seu suicídio aos 26 anos revela um poeta que era tão vivo que não suportava uma cultura morta, embalsamada: seus fantasmas pessoais traduzidos em linguagem literária assombram a sociedade burguesa. Uma ótima oportunidade para se conhecer a obra do autor encontra-se na recém lançada antologia organizada por Cleonice Berardinelli (o livro saiu pela Edições de Janeiro).
 Ainda que do ponto de vista político a primeira geração do modernismo português não possa ser considerada revolucionária, sua postura estética embebida de escândalo e irreverência fez o vinho do Porto ferver. Enquanto expoente da geração Orpheu, Mário de Sá aliava o decadentismo com a estética futurista. Numa sociedade esclerosada a revolta futurista era um perturbador ingrediente social. No caso de Mário de Sá a explosiva criatividade gráfica dos seus versos fala por si.


                                                                                       Marta Dinamite

sábado, 15 de agosto de 2015

O trotskismo aprofunda o debate estético:


 A alergia ao pensamento marxista em alguns meios artísticos possui 2 causas: 1- O stalinismo deixou uma herança deplorável, fazendo com que muitos artistas confundam marxismo com coleira. 2- A despolitização de muitos artistas agravando-se com o relativismo pós-moderno e a barbárie liberal: esta última produz uma ideologia que visa enterrar o projeto de uma Revolução social. Mas apesar destas 2 causas, artistas mais combativos percebem que a atividade artística, necessariamente livre de entraves partidários, tende a virar mingau no capitalismo. As ideias de Leon Trotski no campo da arte, alimentam estes artistas que não tem medo de assumir uma clara posição política anticapitalista.
  A contribuição trotskista no âmbito da reflexão estética é mais do que preciosa. Revolucionária e independente, a arte é para o trotskismo uma aliada na destruição do modo de vida capitalista. Trata-se de devolver ao marxismo sua alavanca dialética e capacidade histórica de interpretar e estimular os movimentos artísticos mais combativos do nosso tempo. Quem quiser saber mais sobre o pensamento estético de Trotski, leia Literatura e Revolução(1923). É um livro obrigatório para todos os militantes da arte.


                                                                                    Os Independentes

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Teatro para as massas:

Tirando as guerrilheiras experiências do teatro de rua, a arte teatral no Brasil é um privilégio da classe média alta e da burguesia. O ponto de vista socialista leva em conta necessariamente a necessidade de um teatro para as massas: um contexto privilegiado para educar o proletariado, tal como pregava Oswald de Andrade. É preciso levar em conta que esta luta na direção de um teatro para as massas não seja apenas uma questão de amplitude de público, mas de busca por uma concepção revolucionária da estética teatral.
 O problema não está apenas no acesso ao espetáculo teatral. Na antiguidade grega o teatro era visto por um grande contingente de pessoas. Tratava-se no entanto de uma sociedade escravista. As peças de Shakespeare no início da Idade Moderna, eram populares, mas o povo estava submetido à monarquia absolutista. Estes exemplos históricos servem para constatar o seguinte: um teatro para as massas é necessariamente um teatro de agitação revolucionária; um teatro voltado para a construção da sociedade socialista do futuro. Maiakóvski, Meyerhold, Piscator, Brecht e Oswald são os precursores deste teatro revolucionário que precisa ser pensando e almejado hoje!


                                                                                          José Ferroso

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Revolução depende da Cultura Afro:


O que seria dos revolucionários sem a contribuição infinita da cultura afro? Se dependesse da velha Europa seriamos culturalmente mais tristes e esteticamente mais pobres. A verdade é que as mais diversas manifestações artísticas de origem afro estão enraizadas nos esforços políticos de libertação. No continente Americano, a cultura afro em sua explosiva pluralidade oferece historicamente um campo de experiências que até hoje desafiam os padrões da classe dominante.
 Um projeto socialista depende da criatividade e dos modelos de resistência afro. Ao mesmo tempo, os militantes socialistas(sobretudo aqueles que atuam também no movimento negro) precisam estar cientes de que a questão da luta das culturas oprimidas não se separa do problema econômico: o objetivo político não é fazer com que a classe dominante aceite a cultura afro. O objetivo político é lutar pelo socialismo e por uma cultura revolucionária: esta cultura depende diretamente da contribuição afro.


                                                                           Marta Dinamite

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Literatura e socialismo:


O acirramento da luta de classes, provocado pela crise econômica, exige que a crítica literária aperte o passo para encontrar o socialismo.  Periódicos literários embasados na análise marxista se fazem cada vez mais necessários: escritores proletários brasileiros produzem hoje uma literatura combativa, que tende a aproximar-se das concepções políticas e estéticas do pensamento marxista. É função da esquerda analisar e debater tanto esta nova produção quanto os próprios " clássicos " da literatura de esquerda.
 Na hora de olharmos as referências históricas para a realização de uma crítica literária marxista, é sempre bom nos lembrarmos da revista norte americana Partisan Review. Tendo seu auge na década de trinta, esta publicação era editada pelos chamados " intelectuais de Nova York ". Os caras defendiam o ponto de vista da esquerda na hora de analisar os fenômenos literários. Esta atitude presente no cenário da depressão econômica dos EUA dos anos trinta, se faz necessária no Brasil de 2015.


                                                                                                 Lúcia Gravas

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Surrealismo e a subversão dos objetos:


As transformações sociais na direção do socialismo dependem, necessariamente, de transformações na percepção frente aos objetos que permeiam a realidade. O que devemos ter em mente é que a burguesia estabeleceu no seu corpo cultural funções pre-estabelecidas para tais objetos: estes servem a uma série de estruturas racionalistas, cujo objetivo supremo é manter a rotina do capital. Pois bem, neste mundo calculado, frio e reacionário, o surrealismo oferece uma chave e tanto para a alforria mental.
 A poesia oculta na realidade revela atmosferas e associações que são negligenciadas pela cultura dominante. Subverter os objetos do cotidiano envolve um esforço que desorganiza o pensamento funcional, colocando a poesia e não o lucro no centro da vida humana. Se almejamos criar uma organização política na qual a classe operária é quem governa, referências históricas como o surrealismo ajudam na construção de uma cultura libertária.


                                                                              Os Independentes

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A canção pode quebrar a rotina:


 Aparentemente nada pode ser mais inocente do que uma canção. Assoviar uma melodia ou cantarolar o refrão de uma música é algo que soa rotineiro no nosso país. Mas é esta aparência de rotina que pode fazer da canção um dispositivo para alimentar o inconformismo social. A letra e a estrutura melódica de uma canção, podem ser usadas como estratégia de comunicação que exprime a não aceitação de uma sociedade que fez da música uma triste mercadoria.
 A música não pode permanecer na condição subalterna, servindo apenas para ser o previsível  pano de fundo sonoro do filme de ação, da novelinha, da propaganda partidária e dos inúmeros anúncios inúteis. Para devolver a importância cultural e política da música popular, é preciso que os músicos tenham formação política e, sendo porta vozes dos anseios da classe trabalhadora, denunciem a miséria econômica e espiritual do nosso tempo.


                                                                                                       Tupinik

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A poesia deve " mudar a vida ":


Quando algum militante, que se diz marxista, sair em defesa de uma poesia " politizante ", desconfie: mesmo quando o conteúdo é pretensamente revolucionário a forma convencional acaba por fazer do poema uma experiência reacionária. Claro, não tenhamos dúvidas,  a poesia pode(e deve) falar de ideias políticas. Porém, será que o alcance revolucionário da poesia é tão somente a abordagem racional da realidade? É claro que não! Os poetas que realmente contribuem com a revolução social invocam imagens e revelam atitudes que rompem radicalmente com a armadura cartesiana da cultura burguesa.
 O jovem poeta francês Arthur Rimbaud é um exemplo fascinante da poesia que serve, a partir de si mesma(a partir do delírio e das visões libertárias do poeta) ao ímpeto de ruptura com a civilização capitalista. Tão fundamental quanto o Manifesto Comunista, de Marx e Engels, é a obra Uma Temporada no Inferno, de Rimbaud.

                                                                                            Os Independentes

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

V Semana do Audiovisual Campinas:


Entre os dias 16 e 26 de agosto irá ocorrer a V Semana do Audiovisual Campinas(SEDA). Trata-se de um convite que o coletivo Moinho junto a outros coletivos, grupos e Casas de Cultura fazem para a população de Campinas. Em vários pontos da cidade o público poderá assistir e debater a cultura audiovisual independente dos nossos dias. Nesta edição do SEDA indaga-se quais imagens e quais cenas representam ou não as realidades sociais. Definitivamente é uma discussão que dá pano pra manga! Uma belíssima oportunidade para se debater o caráter político da produção audiovisual.


                                                                                               Os Independentes

terça-feira, 4 de agosto de 2015

O traço violento de Grosz:


Quais são as implicações estéticas da crise econômica? Há quem queira tapar o sol com a peneira fazendo imagens que nascem e morrem no " eu ". Mas por outro lado existem aqueles artistas(e esperamos que estes sejam a maioria) que fazem da pintura, da gravura, do cartaz expressões de sátira e crítica social. Num Brasil que assiste a uma burguesia furiosa e trabalhadores cada vez mais ferrados(desemprego, falta de grana, etc e tal) a arte precisa encaminhar-se para o plano da crítica objetiva; o que não exclui a criatividade. É por estas e outras que o trabalho do artista alemão Georg Grosz torna-se fonte de inspiração e alvo de releitura.
 Artista rebelde e decididamente de esquerda, Grosz fez de sua arte durante os anos da República de Weimar, um canhão que apontava contra líderes belicosos, burgueses escrotos e os demais  reacionários do período. Uma Alemanha corroída pela crise econômica era o cerne da sua arte de combate. Tá aí um artista que no Brasil de hoje pode ser útil nas mãos dos revolucionários.


                                                                                      Geraldo Vermelhão

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O cinema de Godard:


Ao dissecarmos a linguagem cinematográfica, buscamos na autópsia audiovisual elementos revolucionários, que negam o imperialismo norte americano via Hollywood. Nesta operação Jean Luc Godard é um dos autores que ainda dá as cartas. A filmografia de Godard é um exercício constante de crítica, reflexão e sobretudo invenção. Um exemplo de que Godard ainda é fonte de debate cinematográfico, encontra-se  no livro do filósofo e historiador Georges Didi-Huberman(a obra Passés Cités foi lançada recentemente na França). Este livro certamente engrossa a ampla bibliografia sobre a obra e o pensamento estético de Godard.
 Seria importante para os cineastas brasileiros não vincularem a obra de Godard a algo " sofisticado " , " hermético ", voltado apenas para meia dúzia de especialistas em cinema. Jean Luc Godard foi parte de uma geração que defendeu a figura do autor no cinema: um cinema autoral, livre conduziu muitos cineastas para o campo da contestação política(e é preciso lembrar que foi Glauber Rocha quem mostrou esta direção para Godard). O cineasta francês é uma referência na luta por um cinema revolucionário.


                                                                                 Lenito

sábado, 1 de agosto de 2015

Arte e bolchevismo:


 A criação artística não pode ficar cultivando formas que postergam a ruptura com a classe dominante. A arte que tem lado, que denuncia a exploração e representa claramente os interesses históricos do proletariado, é uma arte que visualiza uma outra realidade: esta realidade, a do socialismo, ainda não existe. Mas no confronto diário com os capitalistas, os trabalhadores organizados derramam uma sensibilidade que pode ser encarnada artisticamente. Os jovens artistas das periferias do Brasil, estão percebendo que o futuro da sua arte não está no sucesso individual mas na Revolução socialista.

                                                                               
                                                                                        José Ferroso

A importância da contracultura para o marxismo:

É verdade que os movimentos e contracultura não resistem a uma análise política aprofundada: a maioria deles, envoltos em idealismo e vícios anárquicos, geralmente caem em esterilidade. Entretanto, podemos seguir com práticas culturais que neguem a criatividade, a coragem e o frescor juvenil da contracultura? O fato é que sem a espontaneidade radical a criação artística perde em termos de liberdade e impacto. Embora a realidade não seja " instantânea " mas sim dialética, não existe contradição no diálogo entre marxismo e contracultura.
 Os marxistas não podem ficar soterrados em esquemas pedantes, em práticas dogmáticas que fecham os olhos para a criatividade dos jovens rebeldes, que desprezam e recusam a sociedade estabelecida. O comunismo pode enriquecer-se com a vitalidade contracultural.


                                                                       Os Independentes