quarta-feira, 29 de maio de 2013

O CINEMA REVOLUCIONÁRIO NASCE COM O BRASIL NA BAHIA



Segundo Glauber Rocha, o movimento do cinema novo possui duas origens:
uma no CPC(Centro Popular de Cultura) e outra no jovem cinema baiano
que despontava  no início dos anos sessenta. Seguindo o raciocínio de
Glauber, podemos dizer que existe uma espécie de escola baiana cuja a
missão cinematográfica evitou que o cinema novo fosse apesar de
autoral e politizado , europeizado. Filmes como Bahia de Todos os
Santos, cumprem o trajeto de criação de um cinema brasileiro
descolonizado, atento as necessidades de um discurso visual sobre a
realidade brasileira. Este citado filme em questão, é um dos grandes
representantes da tomada de consciência sobre os problemas nacionais
no cinema brasileiro. É um produto pulsante de um contexto cultural
que gerou uma perspectiva social inconformista e prenha da estética
que vai caracterizar o grosso do cinema novo.
  É preciso assinalar o clima de efervescência cultural em Salvador
entre a segunda metade dos anos cinquenta e início de sessenta. As
novas ideias eram submetidas a originalidade do sol e á
instabilidade das ondas. O CCB(Clube de Cinema da Bahia) reunia a nata
da intelectualidade da esquerda baiana, disposta a repensar os padrões
estéticos e exigir o revolvimento da arte brasileira. O sensualismo
das culturas africanas somado ao barroco português e o mergulho na
literatura politizada de autores como Jorge Amado, José Lins do Rego e
Graciliano Ramos, reuniu condições culturais para o cinema moderno
baiano.
  O longa BAHIA DE TODOS OS SANTOS, de 1960, é um filme de
Trigueirinho Neto. Neste clássico precursosr do cinema novo, o jovem
protagonista movimenta em sua órbita as contradições sociais da Bahia:
miséria econômica e racismo, criminalidade e o despertar da
consciência política revolucionária dos trabalhadores, os dramas
pessoais enquanto uma fenda por onde passam os mais graves problemas
da sociedade brasileira. O interessante é que os problemas levantados
pelo filme são atuais, o que valida a sua estética realista e
engajada. Perante as dúzias de filmes medíocres que servem ao capital
no Brasil de hoje, recuperar a fotografia e as temáticas desta escola
baiana embrionária do cinema novo, significa expor a vigência de um
olhar não domesticado sobre o Brasil. Significa ainda afirmar que
filmes pertinentes são feitos dentro de um contexto de estudo e
reflexões cinematográficas, literárias e políticas. O cineclubismo
enquanto prática que forma platéias e que portanto oferece elementos
estéticos para futuros cineastas, se aplica enquanto aspecto decisivo
do cinema baiano: o citado CCB era um celeiro moderno para o que de
melhor revelou o cinema brasileiro. Salve a Bahia!

                               Geraldo Vermelhão


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