domingo, 12 de maio de 2013

ROCK É MÚSICA INTERNACIONALISTA




A onda neoconservadora promovida pela mídia burguesa atinge dentre
vários setores da cultura, a música. O rock em especial vem sendo
ameaçado de se separar das suas origens rebeldes mais profundas, para
se limitar a um estilo musical que atende setores esnóbes da classe
média. Exemplos reacionários não faltam com rockeiros de longa estrada
renegando as conexões progressistas do rock com movimentos culturais e
políticos contrários á ordem social.
Se na História recente do Brasil o rock foi considerado pela esquerda
nacionalista como sendo decadente e " agente do imperialismo ", isto
não quer dizer que os rockeiros precisam ser colocados ao lado das
manifestações burguesas. Ao contrário: sustento que o rock é música
internacionalista cujo o teor libertário é incompatível com o
conservadorismo.
Que a música não possui fronteiras, isto não é novidade nem para o mais
reacionário dos ouvintes do mundo de hoje. No entanto, de quais
fronteiras estamos falando, cara? Tratando-se do rock a geografia
forma regiões espirituais ainda muito desabusadas para os padrões da
economia global. Ok, o rock em suas inúmeras derivações musicais
sempre esteve atrelado ao mercado, desde suas origens, e nem por isso
deixou de fazer o barulho que fez no século passado. Hoje tem
festivais para todos os gostos e do underground ao mainstream os
ouvintes de rock podem envolver dos capitalistas mais boçais aos
rebeldes mais lúcidos. Que a coisa ficou banalizada, isso já dava pra
sacar no final dos anos setenta. Porém, a fúria e a sensualidade
provenientes do rock ainda estão numa caixa de surpresas(basta plugar
as guitarras e ninguém mais pode controlar, calcular aonde vai dar
este irresistivel convite á liberdade, que nada tem a ver com as leis
de mercado).
 Tendências reacionárias expressas por exemplo em certas correntes
religiosas, tentam tapar os ouvidos da moçada. Mas é inútil: é muito
bom saber que os hormônios da garotada podem ainda ser traduzidos nas
melodias mais insolentes da terra. Por mais que procurem bloquear na
juventude de hoje a contestação social por meio da música, os garotos
sempre arranjam os discos, as músicas, os visuais que ainda conferem
uma identidade que não se contenta com a sopa rala destes tempos de
conservadorismo generalizado.
  O rock sempre foi comércio, mas quem pode negar que foi ele quem
conseguiu expressar com maior precisão a avalanche libertária da
segunda metade do século XX?(algo comparável talvez ao que foi o jazz,
na primeira metade do século passado). O mais interessante nisto tudo
é que o rock arrebentou os discursos nacionalistas na música e na arte
em geral: uma sintonia encarnada em sons liga um sentimento de
rebelião nas mais vastas regiões do planeta. Isso já era perceptivel
com Chuck Berry e adquiriu força nas décadas de sessenta e setenta.
Sendo internacionalista, o rock é um produto histórico essencial para
se pensar a música que represente o ódio contra a burguesia: contra a
repressão/manipulação do desejo sexual, a exploração econômica(até
hoje parte da juventude operária escuta Punk-rock), a guerra, o
racismo, a homofobia, o machismo, etc. A todos estes elementos que
crescem na sociedade atual, o rock fez questão de se opor respondendo
com irreverência, deboche e belíssimos desaforos. Não foi por acaso
que a rapaziada da LIBELU nos anos setenta aqui no Brasil se
identificou com o rock:dispensando aquele violão chatérrimo e aquele
banquinho de cabelo branco, o rock era visto enquanto a música da
Revolução Permanente... Seria este um papo dos anos setenta? Não: que
os cabelos brancos sejam assumidos com rebeldia...
  Por muito tempo aquela coisa toda do rockstar impediu muito o
alcance revolucionário do rock(tietagem é um saco). Mas, hoje em dia a
pluralidade de gêneros e estilos musicais não permitem mais que o rock
crie deuses: não há mais contexto histórico para que surja algo como
os Beatles, por exemplo. Isto é ótimo: com a produção musical
acumulada em décadas(incluindo os Beatles) é visivel que o antigo e o
novo em rock se juntam numa postura combativa que não nem
absolutamente nada a ver com modas. Arranquemos o rock do analfabetimo
espiritual que tomou conta da música, e que seja enfatizada a sua
força internacionalista. Hail, Hail, Rock `N `Roll...

                                      Tupinik

Nenhum comentário:

Postar um comentário