segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

BOLETIM LANTERNA. Ano 06. Edição 02

A origem de classe dos artistas militantes ainda é o caroço do angu. Trata-se daquele velho problema: a arte que exprime o protesto, a crítica e a rebelião frente ao modo de produção capitalista, é criada pelo artista proletário ou pelo artista de origem pequeno burguesa que fala em nome dos interesses políticos do proletariado? Neste aparente dilema ideológico, ainda tem gente reacionária que extrapola o campo artístico, afirmando que todos os pensadores e líderes políticos de esquerda nasceram em berço de ouro. Pois bem, é hora de superarmos estes falsos juízos.
 Tendo assimilado o legado literário, artístico, científico e filosófico através do Ensino, o sujeito de classe média faz inevitavelmente uma opção de classe; se este indivíduo opta pela classe operária e tem suas atividades voltadas para a criação artística, nada mais digno que ele coloque sua arte como arma anticapitalista. E o artista trabalhador? Sabemos que fazer arte e pertencer à classe trabalhadora não são requisitos que necessariamente resultam numa postura política de esquerda. Porém, os artistas trabalhadores que intuitivamente revelam em suas manifestações artísticas o confronto com a ideologia dominante, são aqueles que apresentam um inegável valor de antítese. O rap e a literatura periférica são exemplos primorosos de crítica e de inconformismo político dentro da classe operária.
   O amadurecimento estético e ideológico das obras de arte, que podem contribuir com a denúncia da realidade estabelecida, depende dos debates entre artistas e teóricos militantes(ambos precisam ser necessariamente revolucionários). Informar-se, pesquisar e queimar a pestana no estudo, ajudam e muito: o conhecimento histórico-artístico precisa ser coletivizado entre aqueles que realmente desejam destruir a ideologia dominante. Por exemplo: os artistas brasileiros que na década de 60 partiam da estética da arte pop para criticar a ditadura militar(1964-1985), estão sendo hoje estudados em outros países. Para um militante da cultura é preciso que este legado artístico seja visto e estudado por jovens artistas trabalhadores: estes últimos são aqueles que precisam herdar a arte de combate.
Evidentemente que o objetivo político da militância cultural revolucionária é a ação que integra-se à realidade concreta dos trabalhadores. Logo, os espaços de atuação e difusão dos militantes da cultura passam necessariamente pelo contexto proletário.

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