domingo, 20 de março de 2016

Boletim Lanterna. Ano 06. Edição 10

Subverter os signos é algo que teoricamente cabe aos militantes de esquerda realizar. Entretanto, verificamos em tendências politicamente conservadoras, animadas pelo anticomunismo e nostálgicas em relação aos tempos da ditadura militar, esta capacidade de apropriação de imagens, símbolos, frases e expressões em geral. No campo do movimento operário, e em especial naquilo que diz respeito às correntes políticas verdadeiramente revolucionárias(e não burocráticas), a estratégia de assimilação crítica da informação estética precisa ser aprofundada no atual momento histórico.
 Oswald de Andrade nos ensinou a prática da antropofagia: assimilando criticamente a cultura do inimigo, assim como a influência estrangeira, podemos gerar uma arte violentamente autentica. Esta estratégia antropofágica é utilizada pela esquerda brasileira dos nossos dias?  Salvo alguns gatos pingados, nota-se que das revoltas de 2013 pra cá, quem anda desenvolvendo a habilidade de deglutição nos protestos de rua é a direita. Contra a digestão reacionária o pensamento antropofágico precisa torna-se uma ação constante das forças culturais da esquerda: a invasão da cultura imperialista, o fanatismo religioso e a coqueluche fascista podem ser rebatidos por uma postura que devora a ideologia dominante para em seguida vomitar na cara da burguesia uma contra-ideologia.
 Do ponto de vista progressista não é apenas o legado de Oswald de Andrade que pode animar a criatividade artística no protesto político. As experiências situacionistas, as heranças estéticas do Maio de 68, a agressividade punk e a autenticidade da cultura hip hop estão entre as forças históricas que saem em socorro de uma cultura progressista, de uma cultura crítica capaz de assimilar para contra-atacar o poder do capital.  O lugar histórico de todo este repertório estético é dentro da cultura da classe trabalhadora.

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