domingo, 17 de abril de 2016

Boletim Lanterna. Ano 06. Edição 14

Se a cultura expressa a luta de classes, no Brasil dos nossos dias este fato é confirmado sem disfarces. Com a direita fora do armário, não apenas a vida política mas a linguagem como um todo é condicionada por polarizações ideológicas. Do ponto de vista da esquerda, daqueles que realmente defendem um projeto socialista, a cultura precisa ser ocupada pelas mais diversas estratégias de combate.
  O campo de batalha da cultura deve ser defendido pelos trabalhadores. Como se não bastasse, além do imperialismo saquear os sentidos da população, a classe média infesta com sua simbologia reacionária os mais variados espaços. Diante disso não se pode perder de vista que a denúncia da miséria e a crítica aos tabus que funcionam como armadura da moral dominante, são os dois alvos a serem combatidos. Educar e agredir envolvem o percurso dialético de uma produção artística que possui compromisso político com o proletariado.
 A função pedagógica da obra de arte e a violência anárquica da criação artística são estratégias que ainda dividem opiniões entre militantes e artistas de esquerda. Isto é perfeitamente admissível e pertinente. A defesa de projetos estéticos distintos é parte do debate(que deve ser aprofundado). Aliás, a natureza progressista da arte está historicamente dividida nestas práticas: de um lado a instrução, a agitação , a desmistificação da ideologia burguesa, etc. Do outro lado, as explosões dionisíacas, a violência expressiva, a crueldade, o impulso libertário. Posto desta forma, educar e agredir são posturas complementares no mesmo exército de combate contra a cultura oficial.
 Entre aqueles artistas que não caíram na lábia das formas institucionais de cultura, lutar e combater tudo aquilo que impede a libertação econômica, política e moral do homem é o que realmente importa. Nunca é demais insistir nestes deveres do militante.  

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