domingo, 21 de agosto de 2016

Boletim Lanterna. Ano 06. Edição 32

Convidamos a todos os cinéfilos e militantes de esquerda a comparecerem no ciclo de filmes Realismo Socialista , no Museu da Imagem e do Som da cidade de Campinas. Como já vem sendo divulgado aqui, o ciclo terá seu início no próximo dia 27 de agosto. Trata-se de um ciclo mensal: avisaremos neste mesmo blog as datas e os títulos dos filmes que serão exibidos. Abriremos no próximo sábado com o longa Chapaev, de 1934,  dirigido por Georgii Vasilyev. A sessão terá seu início às 16 h, lembrando que após o filme será realizado um debate sobre o mesmo. É importante que se diga que no debate os espectadores não apenas constroem, a partir de diferentes pontos de vista, o significado dos filmes. O debate é um momento de participação na vida cultural da polis. Neste ciclo em especial, faremos uma reflexão sobre a situação do cinema e das artes na União Soviética das décadas de 30 e 40.
 As questões estéticas, indissociáveis dos fatores políticos, devem levantar problemas/questões que nos ajudam a entender quais seriam as peculiaridades do Realismo Socialista. A partir das obras representativas deste modelo estético, acabamos por nos perguntar por que os ditos representantes de um governo operário, durante os anos do stalinismo, foram tão reacionários em arte? Acreditamos que a resposta passa exatamente pelo problema da burocracia stalinista: se a revolução, que deve emancipar os trabalhadores em todos os sentidos, não é entendida no campo da arte, ela não pode ser entendida no campo político: um modelo estético que anula as contradições da realidade e sufoca a criação, condiz com os interesses de um governo autoritário, incapaz de assegurar o desenvolvimento de uma cultura revolucionária.
 O stalinismo concebeu a arte como uma força tarefa: enquanto " engenheiros de almas ", os escritores e artistas não criam mas executam o que o governo exige. Mas que alma está sendo construída? A partir desta pergunta surgem outras perguntas:

1- O que diferencia um artista de um burocrata?

2- Como o gosto popular e a necessidade de inovação formal podem coexistir num filme?

3- Será que uma obra de arte deve ser fiscalizada por " revolucionários "?

4- Um artista pode ocultar em sua obra um ponto de vista reacionário?

5- Cabe a um partido representante do proletariado debater ou censurar?

6- Será que basta substituir o herói burguês por um suposto herói proletário?

7- Quais seriam as particularidades históricas da criação artística num Estado operário?

Convidamos os militantes de esquerda a debaterem conosco estas perguntas.

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