domingo, 11 de junho de 2017

Boletim Lanterna. Ano 07. Edição 69

O centenário da Revolução russa exige um esforço militante: a classe trabalhadora precisa de exemplos históricos de luta; e não se trata de qualquer exemplo: a Revolução russa de 1917 apresenta-se como uma escola política que também revela uma dimensão cultural revolucionária. A evidência histórica de que não é a obra de arte que produz a revolução mas sim a revolução que produz a obra de arte, está longe de colocar para a arte um papel passivo diante das transformações sociais de uma época.
 É precisamente no contexto histórico em que operam-se transformações na consciência das massas, que a arte apresenta-se não apenas enquanto registro de tais transformações: a obra de arte torna-se um terreno necessário para preparar e mobilizar os sentidos. Se fizermos uma história das revoluções, torna-se evidente que toda a esfera da cultura modifica-se radicalmente através do tecido social. Impossível pensarmos a Revolução francesa de 1789 sem que nosso imaginário seja tomado pela pintura de David. Tratando-se do contexto cultural propiciado pela Revolução russa de 1917, existe uma ampla produção artística que não perdeu sua atualidade.
 Se a vitória burguesa consagrou a perspectiva estética do neoclassicismo, a vitória do proletariado na Rússia encampou os movimentos de vanguarda. Pensando no centenário da Revolução russa, é dever de todos os militantes de esquerda divulgar a arte revolucionária que descortinou-se com a tomada do poder pelos bolcheviques. Da poesia de Maiakóvski ao cinema de Eisenstein, encontramos na chamada arte de esquerda do contexto soviético, um arsenal de obras que desempenhavam uma função que até hoje nos inspira: o poema, o cartaz, a peça teatral, o filme, o conto, o romance, a pintura, a arquitetura, tudo fundia-se ao cotidiano das massas. Ideologicamente falando, a obra de arte tornou-se parte da realidade do proletariado.
 Quando olhamos para a arte soviética do final dos anos 10 e dos anos 20, encontramos um fecundo material inspirador. Na hora de narrarmos a história da Revolução russa de 1917, precisamos necessariamente acionar a dimensão estética deste acontecimento histórico. Tal consideração é um recurso estratégico para que os trabalhadores brasileiros conheçam esta história.
 

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