segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Boletim Lanterna. Ano 07. Edição 75

É preciso ter cuidado para que a caricatura que os intelectuais reacionários constroem, não contagie o trabalho dos militantes da cultura. Trata-se daquela imagem equivocada em que pensadores e artistas de esquerda estariam preocupados em valorizar somente obras de arte que apresentam o tema das lutas da classe trabalhadora. Que fique registrado: quem padroniza, avilta, reprime e reproduz o mais do mesmo em matéria de arte, é a indústria cultural. O marxismo possui uma visão distinta do empobrecimento espiritual imposto sobre a percepção das massas.
 Obviamente por razões políticas, a crítica marxista tende a privilegiar obras e artistas que permitem compreender as contradições sociais de uma época. Isto nem sempre significa valorizar trabalhos de artistas e escritores comunistas. O caso do escritor Balzac é sempre muito oportuno: Marx e Engels consideravam o realismo se Balzac, autor politicamente conservador, como sendo da maior importância para compreender a sociedade francesa do período. A crítica marxista analisa a arte como um todo e tende naturalmente a valorizar propostas artísticas que apontem para a emancipação humana(portanto obras de um acentuado caráter anticapitalista).
 Obras de arte contribuem com a crítica e a denúncia da classe dominante, de muitas formas. Não é verdade que somente poemas, romances, pinturas, filmes e peças de teatro que abordem o sofrimento do proletariado e suas lutas, que são revolucionárias. Mesmo sem pronunciar a palavra socialismo, um poeta pode contribuir muito mais com a luta socialista do que poetas tagarelas que vivem falando em ideias socialistas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário