EXPERIMENTO LITERÁRIO (criação coletiva)
Ovos de serpente estão sendo chocados em segredo. O terror fazia a testa do rapaz suar. É um cara legal, trinta e poucos anos, profundamente angustiado. Ao seu lado quatro amigos que vão evaporando pelo ar da noite. O caminhar noturno é tão incerto quanto a economia: sapatos gastos, movimentos oscilantes, calcanhares esfomeados contra calçadas feitas de todos os dejetos da terra.
Na avenida só existem imagens mentirosas. Algumas palavras proféticas aparecem aqui e ali com um diagnóstico tão preciso quanto o de um cientista social:
" Lutem agora, não esperem a abertura do matadouro ! "
" Cuidado com os pés de barro da democracia burguesa: para manter seus interesses, a classe dominante poderá recorrer aos cães sedentos por sangue! "
" Camaradas! Dinamitem agora com ações artísticas as torres de marfim: a cultura deve estar nas mãos dos trabalhadores ! "
" Atenção trabalhadores da cultura ! Seu trabalho poderá deixar de existir quando a sociedade tecnológica terminar de dominar a terra "
" O imperialismo vai beber todo o seu sangue "
" A intolerância veste sua roupa mais vistosa em épocas de crise. Cuidado camaradas! Devemos esclarecer as massas ! "
O rapaz terminou sua lata de cerveja. Fechou o casaco(um vento gelado golpeava seu peito). Aquelas frases pichadas no vento diziam algo importante. O que está acontecendo? No canto escuro da esquina, ele ouve, em pânico, o chocalho de uma cobra.
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