domingo, 29 de abril de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 106

É preciso saber contar histórias. Não qualquer historinha, como aquelas de enredo furado feito um triste pneu que deixa toda futilidade se esvair por estradas que não levam o povo a lugar nenhum. É preciso saber contar as histórias necessárias:causos e revoluções, lutas cotidianas e revoltas épicas, pequenas tramas de resistência e acontecimentos de grande vulto, amores sem mentiras e comédias que mostram a verdade. Mas o importante mesmo é que tudo isso seja narrado de modo saboroso e violento.
 Saboroso porque cada fato, cada detalhe do fato, cada pedacinho do drama, precisa prender a atenção daquele que ouve ou lê. Uma boa história é aquela que meche com a imaginação e faz a cabeça trabalhar a mil por hora. Já o lado violento da narrativa serve para despertar, fazer com que as pessoas não mergulhem e se afoguem num mundo paralelo. A mentira da ficção deve ser profundamente verdadeira, ou seja, deve falar com realismo e liberdade total sobre as coisas como elas realmente são. Esta sinceridade produz choques e quem narra precisa saber chocar para fazer pensar.
 Que sejam escritas as histórias necessárias para o nosso povo ter consciência de quem ele é e de quem ele pode ser. Abaixo os heróis da classe dominante, porque suas lições são disfarces para amolecer o cérebro e promover o imperialismo, a guerra,a miséria e o conformismo social. Abaixo aqueles pequenos casais de personagens, que hora dramaticamente, hora comicamente, celebram um amor mesquinho e de aparência. As verdadeiras histórias de amor, as verdadeiras histórias de aventura , as verdadeiras histórias de luta, ainda estão para ser escritas. Estas histórias deverão ser expressão do povo e portanto  colocadas a serviço dos trabalhadores(estes são os verdadeiros herdeiros da cultura).

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