Falar dos 50 ANOS DO MAIO DE 68, não tem nada a ver com comemorações nostálgicas aos moldes burgueses. Nós buscamos as imagens revolucionárias do passado para colocar em fogo alto a luta de hoje em dia. A exemplo do que realizamos no ano passado, quando discutimos os 100 anos da Revolução russa de 1917, o que interessa é fixarmos as experiências estéticas do passado que condensam as lutas sociais. No caso do Maio de 68 existe uma qualidade artística contestadora que até hoje converte-se em referência nos planos da poesia, da canção, do cinema político, do teatro político e das manifestações artísticas que se misturam com a vida, que desarrumam o arrumado.
Na França, no Brasil nos EUA e em muitos outros países, movimentos culturais de juventude recusaram não apenas a moral e os valores dominantes, mas todo edifício econômico e político da civilização capitalista. No meio de toda aquela maluquice, em que se faziam ouvir muitas ideologias, resplandecia o desejo revolucionário. Deu certo? Funcionou? Pois é, se muito daquilo que em termos estéticos foi rebeldia em 68 tornou-se, décadas mais tarde, produtos culturais assimilados e neutralizados pela ordem capitalista, o fato é que a arte revolucionária de 50 atrás deve ser estudada e aproveitada no que ela conserva de libertário, de contestador.
Ao longo de 1968, nota-se uma presença artística muito especial nos conflitos de rua, nos meios de comunicação, nos porões contraculturais, nas trincheiras das guerrilhas simbólicas. Saber reler tudo isso significa por em discussão o que foi e o que pode ser arte revolucionária; quer dizer, não se pode cair numa atitude de cópia que no fundo só serve como paródia histórica. O pulo do gato está em reler as imagens do passado dentro das novas necessidades históricas, dentro das novas determinações da realidade. Eis o desafio!
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