domingo, 20 de maio de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 109

A defesa da arte revolucionária não se fundamenta em questões de gosto ou em preferências estéticas. As profundas implicações políticas da arte que participa do mundo real, estão embasadas em uma concepção científica da história: o materialismo histórico dialético apresenta um entendimento revolucionário da história, cuja força motriz é a luta de classes.
 Neste sentido acreditamos que a arte, uma atividade livre e que não pode ser manipulada, é um poderoso meio de expressão para que os trabalhadores tomem consciência da saga entre opressores e oprimidos ao longo dos tempos. A atividade artística não é para nós algo especializado, reservada a uma meia dúzia de iluminados. Não existe tema preestabelecido ou forma artística imposta a priori. O que defendemos é que não existe saída artística fora da luta política: a emancipação política do trabalhador é a emancipação de toda a cultura, é o fim da alienação, é o despertar da personalidade humana nas massas. Para chegarmos a este objetivo histórico, a arte deve participar da luta libertadora.
  Em termos de narrativa, o que pode compreender por exemplo a literatura e o cinema, acreditamos que manifestações artísticas podem fazer com que o povo enxergue o movimento da história, deixando claro que é o proletário dos nossos dias o personagem principal que poderá colocar um ponto final na sociedade de classes. Quem escreve, pinta, filma, canta e atua pode pela imaginação artística estabelecer estratégias para representar a luta de classes.  É como se o trabalhador, após sua longa jornada de trabalho, se sentasse cansado no botequim e conseguisse visualizar os personagens oprimidos do passado, aproximando-se deles. Seria mais ou menos o seguinte:

 Operário sentando no bar olhando despreocupadamente uma praça. Entra no bar um camponês, um escravo do mundo antigo, um plebeu, um servo, um artesão, um indígena e um escravo dos tempos da colonização e do império, e mais alguns operários de diferentes gerações. Todos eles aglutinam-se em torno da mesa do operário e passam a perguntar:

 - Como é? Quando é que você vai acabar com todo este sofrimento? Quando é que você vai se levantar e lutar por uma sociedade justa, sem classes, sem exploração? O futuro da humanidade está em suas mãos!  

As possibilidades estéticas para representar esta cena poética são inúmeras!


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