domingo, 6 de maio de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 107

Apresentamos Poesia, Trincheira e bananeira , uma criação coletiva.

" AVISO:
Pessoas de esquerda precisam estar atentas ao atravessar este portão. Por estas bandas existem leis intolerantes, gente besta e assassinos da memória. Cuidado! 
O jovem operário coçou a barba pensativo... Ele decide atravessar o portão e procurou armar-se com os versos mais suculentos e politizados que tinha para espantar a fome e o medo. Não, ele não teria medo: era valente, já estava vacinado contra gente medíocre, devoradora de inteligências e amantes de tiranos. Ele tinha sua consciência acesa,  o corpo preparado contra mosquitos e reacionários. Sim, ele estava pronto para andar com passos decididos,  falar sobre o impossível e declamar as palavras aladas que podem anunciar rojões, gozos de amantes, cerveja, greve eterna, pipoca, onças fora da jaula e delicadas tempestades de flores e labaredas.
 O operário andou, andou e andou... Era uma mata com cara de deserto. Era uma floresta com cheiro de cimento. Era uma fazenda eletrônica! Era uma fábrica rural! Era um shopping com máscara de bosque. Não importava! Em qualquer cenário o operário carrega no bolso e no peito os versos que abrem picada na trilha da luta de classes. Ele se depara com uma bananeira...De lá de dentro ele escuta um barulho: tinha alguém carregando uma arma. Sim, alguém estava engatilhando uma arma e o poeta trabalhador seria o alvo! Ele não se intimidou: decidiu fazer ali mesmo uma trincheira de versos. 
 Será que o poeta trabalhador levou chumbo? Dizem que ele está lá até hoje, com um sorriso de luta nos lábios. Ele espera que outros poetas atravessem o portão. "    

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