sábado, 10 de dezembro de 2011

ARTE E REVOLUÇÃO


Revolução cultural também sugere que a oposição radical envolve hoje, em um novo sentido, todo o domínio situado além do das necessidades materiais - melhor ainda, que visa a transformação total da cultura tradicional.
A forte ênfase sobre o potencial político das artes, que constitui uma caracteristica desse radicalismo, expressa, sobretudo, a necessidade de uma comunicação efetiva da denúncia da realidade estabelecida e dos objetivos da libertação. É o esforço para encontrar formas de comunicação que possam romper o domínio opressivo da linguagem e imagens que há muito se converteram num meio de dominação, doutrinação e impostura. A comunicação dos novos objetivos históricos, radicalmente não conformistas, da Revolução exige uma linguagem igualmente não conformista(na mais lata acepção), uma linguagem que atinja uma população que introjetou as necessidades e valores dos seus amos e gerentes e os tornou seus, assim reproduzindo o sistema estabelecido em seus espíritos, suas consciências, seus sentidos e instintos.
Semelhante linguagem, para ser política, não tem possibilidade de ser "inventada";dependerá, necessariamente do uso subversivo do material tradicional; e as possibilidades dessa subversão são procuradas, naturalmente, onde a tradição permitiu, sancionou e preservou uma outra linguagem e outras imagens(...) Aqui, a outra linguagem, as outras imagens, continuam sendo comunicadas, para ser ouvidas e vistas, e é essa arte que, numa forma subvertida, está sendo hoje usada como arma na luta política contra a sociedade estabelecida.
Herbert Marcuse, 1972.

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