domingo, 1 de maio de 2016

Boletim Lanterna. Ano 06. Edição 16

Qual é a imagem do proletariado neste 1 de maio de 2016? Pintura, poesia e fotografia agregam potencialidades expressivas que sempre fortaleceram a resistência, a união e a solidariedade entre os trabalhadores do mundo inteiro. Porém, embora a classe operária ainda seja a força motriz do modo de produção capitalista, existe um esforço reacionário para borrar o rosto do trabalhador através da tentativa de destruição dos seus históricos laços políticos. Além da fragmentação do espaço social do trabalho, que culmina no chamado capitalismo de serviços, existe toda uma transa ideológica montada pelo sistema: o sonho de fazer parte da classe média é uma ilusão alimentada por estéticas que possuem uma função política prática; ou seja, as imagens da luta de classes são substituídas pelas imagens do consumo e da alienação. Mas, as manifestações visuais do capital possuem pés de barro: no Brasil, por exemplo, a grave crise econômica desmonta as imagens alienantes.
 Qualquer artista que deseje criar uma imagem que se relacione com a sociedade brasileira dos nossos dias, não pode ignorar mais de 10 milhões de desempregados. Da mesma maneira que um verso não pode deixar de falar em lamento e inconformismo, uma foto não pode esconder uma criança faminta. Quando se pergunta sobre o tipo de arte que poderemos realizar no Brasil de hoje, a única resposta passa por um grito enfurecido que carrega todas as dores do nosso proletariado. Não é um grito passivo, derrotista ou ainda retocado pelo sentimentalismo barato. Em termos artísticos este grito é um protesto que precisa se converter numa força política: as imagens definitivas que plasmam o Brasil de 2016 não podem ser a da classe média verde amarelista  sedenta por repressão política e defensora do conservadorismo. As imagens historicamente necessárias são as imagens dos trabalhadores em luta.
 O 1 de maio é uma data em que poemas, vídeos de agitação, canções e as mais variadas obras de arte confirmam esteticamente a necessidade de transformar a realidade. A obra de arte transfigura a realidade para contribuir politicamente com as forças que podem transforma-la concretamente. O chamado " amor à pátria " cantado pela direita não representa a realidade e logo os interesses da maioria do povo brasileiro.  A fome ainda é, como diria Glauber Rocha, o nervo da nossa cultura.  

Um comentário:

  1. Seu blog é genial. Vou criar um filtro pra que todo novo texto seja enviado para meu e-mail. Meus sinceros parabéns!

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