domingo, 8 de maio de 2016

Boletim Lanterna. Ano 06. Edição 17

Hoje no Brasil, não é apenas a memória das lutas políticas da esquerda que é ameaçada pela onda direitista. As formas de crítica e resistência cultural são ameaçadas por uma propaganda rasteira: equipada com poderosos meios de doutrinação capitalista, esta propaganda visa menosprezar obras de arte e reflexões artísticas que exigem o fim das formas de opressão e castração da sociedade burguesa. Definitivamente não é hora de baixar a guarda: insistir numa arte que possa contribuir politicamente com a tomada de consciência sobre os problemas fundamentais do nosso tempo, significa preservar um espaço crítico que não aceita o bloqueio ideológico comprometido com a tentativa de forjar um mundo " unidimensional  ".
 Não existe nada de quixotesco em defender projetos estéticos contrários à ordem política estabelecida. Se faz necessário separar no campo da militância cultural as manifestações infantilmente idealistas das práticas que situam corretamente as implicações políticas da arte. Muita gente confunde ativismo com erupções narcisistas dignas de literatos. Por outro lado, o entendimento marxista das questões literárias e artísticas não é uma fria confirmação estética de conceitos científicos. A arte traz uma contribuição específica na luta política: resta não confundir a criação artística com a mera aplicação mecânica da Economia Política.
 Os artistas e militantes da cultura em geral, precisam compreender a origem materialista da arte para assim pensa-la mediante a realidade concreta. A obra de arte ou se quisermos de modo mais amplo, os fatos estéticos, não são nem o espírito que paira e nem manifestações flutuantes da linguagem. A arte é um esforço de afirmação e plenitude humana. Criar implica numa relação dialética entre sujeito e objeto: a síntese artística é um produto histórico determinado. Ao contrário do que um artista que surfa na estratosfera possa imaginar, a arte para o marxismo não é uma extensão imagética dos problemas do estômago; isto é, da miséria gerada pelo capitalismo. Não, a arte é um voo que possui raízes materiais: as asas do artista, sua elaboração livre da expressão artística, são gestos criadores que ameaçam os capitalistas que visam reduzir nossas vidas às imposições do capital. O artista militante sabe que criar no mundo atual significa promover a destruição de tudo aquilo que nos oprime.
   

Um comentário:

  1. Da-lhe Afonso! Me perguntava por você esses dias enquanto ecoava na minha memória que 'dáda é contra e pela unidade e decididamente contra o futuro (...) e que, em seguida queremos cagar em várias cores para ornar os jardins zoológicos de todas as bandeiras e conglomerados burocráticos" heh criação é força de liberdade! Grande abraço, Mathias Reis

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