domingo, 2 de outubro de 2016

Boletim Lanterna. Ano 06. Edição 38

A maneira como o marxismo deve proceder em relação aos problemas da arte e da literatura, é entendida de diferentes maneiras. Não faltam aqueles militantes de esquerda que, ignorando as implicações especificas da estética, caem nos limites de um sociologismo da arte.  Para o materialismo histórico dialético existem 2 problemas postos: 1- Explicar a relativa autonomia e o condicionamento histórico da arte. 2- Pensar a maneira como a arte e a literatura podem influenciar na realidade política.
 No primeiro caso, existe o risco do mecanicismo: a exemplo do que os primeiros teóricos marxistas disseram, a arte seria um mero reflexo das determinações econômicas de uma dada civilização. Evidentemente que para o marxismo as relações entre infraestrutura e superestrutura são o ponto de partida dialético para se refletir sobre as questões artísticas: enquanto esferas da superestrutura, a arte e a literatura dependem de uma existência material, de um nível específico de desenvolvimento das forças materiais, sendo a criação estética, independentemente da vontade do artista, expressão ideológica de uma forma de organização social. Porém, o caráter ideológico da arte ou sua significação política numa sociedade dividida em classes, não encerra/define a necessidade da criação artística.
Fonte de afirmação, de objetivação do humano, a arte é um trabalho criador que possui as suas próprias leis: a dinâmica psicológica, que possui suas raízes no corpo e no próprio movimento da história, é geradora de novas necessidades de expressão e comunicação. As transformações históricas da arte possuem relações com as mudanças psicológicas que repousam nas próprias transformações do meio social; logo a história da arte e da literatura não envolve uma mera sucessão de estilos e escolas, mas mudanças históricas mais profundas que assumem formas artísticas particulares. Embora a arte exista como ideologia dentro da luta de classes, ela não existe por causa disso. A arte busca harmonia e plenitude.
 Mas como a arte e a literatura poderiam existir como trabalho criador se o trabalho alienado mina suas possibilidades criativas? Sendo assim, a divisão social do trabalho no capitalismo, obriga os artistas e escritores a assumirem uma posição: ou consentir com o esmagamento do humano realizado pelo capital, ou posicionar-se de acordo com uma perspectiva política socialista. Não existe meio termo, não tem como fugir da história. Perante as novas realidades digitais, perante as contradições presentes na industrialização da cultura, a arte só pode seguir no caminho da emancipação humana. Inevitavelmente a criação artística deve ser um gesto de revolta, de oposição. A arte revolucionária não é uma determinação burocrática que subordina a estética à política. Arte revolucionária é um conjunto de esforços que pelos seus próprios caminhos estéticos é anticapitalista. A influência política revolucionária da arte, depende de uma intensa articulação entre as necessidades expressivas do artista e as formas de comunicação que revelam os cadeados do capitalismo(e logo a necessidade de destruí-los).

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