Quando nos referimos à teoria estética realizada dentro do pensamento marxista, é comum que algumas pessoas estejam presas à caricaturas. É como se o campo de atuação do marxismo na esfera da arte e da literatura, contemplasse somente as imagens de trabalhadores em greve, lutando contra burgueses que babam dinheiro. Sem dúvida que a luta de classes é o cerne da reflexão marxista, inclusive no âmbito da estética. Entretanto, o marxismo dá conta de uma análise crítica de uma série de situações da cultura contemporânea.
A esfera estética contemplada pelo marxismo, é capaz de avaliar inúmeros fenômenos que ocultam os mecanismos de alienação e controle político. Se as obras de arte que tematizam os conflitos entre capital e trabalho recebem destaque, isto deve-se evidentemente a uma necessidade militante: o projeto estético de qualquer artista ou teórico marxista, objetiva interferir na consciência da classe trabalhadora; logo a arte possui um necessário papel político que deve permitir o reconhecimento da miséria gerada pelo capitalismo.
Ao mesmo tempo, o marxismo também se interessa por uma série de outras questões estéticas que nem sempre colocam em relevo as lutas entre burguesia e trabalhadores: o sentido da criação artística no capitalismo, as relações entre arte e trabalho, as formas de revolta cultural expressas na linguagem artística, a manipulação de massa através de recursos estéticos, estão entre alguns dos temas recorrentes nos estudos dos marxistas interessados em problemas artísticos. Fundamental é compreender que para o materialismo histórico dialético, a arte não é um fenômeno isolado das esferas econômica e política. Sendo assim, o papel militante do marxismo na esfera do estético possui uma infinidade de objetos. A realização humana, a afirmação do homem por meio da arte, são questões negadas pelo capitalismo; logo esta situação histórica deve colocar o artista como adversário da sociedade de classes. Portanto, a reflexão artística que o marxismo apresenta não é caricatura: as lutas sociais não são desculpas temáticas mas assuntos necessários para realizarmos a arte do nosso tempo.
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