domingo, 3 de junho de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 111

Apresentamos O Relâmpago da história, uma criação coletiva.

" O vento cortava em dois cada metro das calçadas da grande cidade, multiplicando em dez vezes a dor e o frio nos corpos feitos de peles e ossos. Uma gente esfarrapada olhava para o céu em busca de anjos, planetas, estrelas e pássaros que poderiam matar a fome eterna. 
 As nuvens mal humoradas se dissipavam deixando o céu limpo. Nenhum sinal de chuva, mas ainda assim um relâmpago  se manifestava em diferentes pontos da imensidão azul. Um jovem operário percebia que não era um relâmpago  qualquer. Não? Não! Era um relâmpago  barrigudo. O relâmpago estava gravido! Mas gravido de que?
 Aquele mesmo jovem operário subiu no banco de uma praça: ele via imagens na barriga do relâmpago! Quando lampejava as imagens traziam gente, mas muita gente mesmo, lutando. Era claro, mesmo que pelo rápido instante do relâmpago, que as imagens traziam os povos de todos os tempos lutando contra as classes dominantes. O mesmo operário deixou o banco e decidiu subir numa alta árvore para olhar mais de perto:   ele queria ver com maior precisão o conteúdo das imagens que o relâmpago trazia na barriga elétrica. O rapaz percebe que um sujeito lá embaixo gritava por ele: era um cara de paleto roto e uma garrafa de cachaça nas mãos. Era um bêbado instruído que gritava: - Walter Benjamin estava certo! ".  

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