quinta-feira, 27 de outubro de 2011

UMA ESTÉTICA DA FOME


UMA ESTÉTICA DA FOME:
Do Cinema Novo: Uma Estética da violência antes de ser primitiva é revolucionária, eis ai o ponto inicial para que o colonizador compreenda a existência do colonizado: Somente conscientizando sua possibilidade única, a violência, o colonizador pode compreender , pelo horror, a força da cultura que ele explora. Enquanto não ergue as armas, o colonizado é um escravo: Foi preciso um primeiro policial morto para que o francês percebesse um argelino.
De uma moral: Essa violência, com tudo, não está incorporada ao ódio, como também não diriamos que está ligada ao velho humanismo colonizador. O amor que esta violência encerra é tão brutal quanto a própria violência, porque não é um amor de complacência, mas um amor de ação e transformação.
(...) Onde houver um cineasta disposto a filmar a verdade e a enfrentar os padrões hipócritas e policialescos da censura intelectual, aí haverá um germe vivo do Cinema Novo. Onde houver um cineasta disposto a enfrentar o comercialismo, a exploração, a pornografia, o tecnicismo, aí haverá um germe no Cinema Novo. Onde houver um cineasta de qualquer idade ou procedência, pronto a pôr seu cinema e sua profissão a serviço das causas importantes de seu tempo, aí haverá um germe do Cinema Novo.
Glauber Rocha, 1965.

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