...A estatística e a História da camada humana que sustenta o
parque
industrial de São Paulo e fala a língua deste livro encontram-se, sob
o regime capitalista, nas cadeias e nos cortiços, nos hospitais e nos
necrotérios.
...São Paulo é o maior centro industrial da América do Sul: O pessoal
da tecelagem soletra no cocoruto imperialista do " camarão " que
passa. A italianinha matinal dá uma banana pro bonde. Defende a
pátria.
- Mais custa! O maior é o Brás!
Pelas cem ruas do Brás, a longa fila dos filhos naturais da
sociedade. Filhos naturais porque se distinguem dos outros que tem
tido heranças fartas e comodidade de tudo na vida. A burguesia tem
sempre filhos legítimos. Mesmo que as esposas virtuosas sejam
adúlteras comuns.
A rua Sampson se move inteira na direção das fábricas. Parece que vão
se deslocar os paralelepípedos gastos.
Os chinelos de cor se arrastam sonolentos ainda e sem pressa na
segunda feira. Com vontade de ficar para trás. Aproveitando o último
restinho da liberdade.
Mara Lobo (Patrícia Galvão), 1933.
industrial de São Paulo e fala a língua deste livro encontram-se, sob
o regime capitalista, nas cadeias e nos cortiços, nos hospitais e nos
necrotérios.
...São Paulo é o maior centro industrial da América do Sul: O pessoal
da tecelagem soletra no cocoruto imperialista do " camarão " que
passa. A italianinha matinal dá uma banana pro bonde. Defende a
pátria.
- Mais custa! O maior é o Brás!
Pelas cem ruas do Brás, a longa fila dos filhos naturais da
sociedade. Filhos naturais porque se distinguem dos outros que tem
tido heranças fartas e comodidade de tudo na vida. A burguesia tem
sempre filhos legítimos. Mesmo que as esposas virtuosas sejam
adúlteras comuns.
A rua Sampson se move inteira na direção das fábricas. Parece que vão
se deslocar os paralelepípedos gastos.
Os chinelos de cor se arrastam sonolentos ainda e sem pressa na
segunda feira. Com vontade de ficar para trás. Aproveitando o último
restinho da liberdade.
Mara Lobo (Patrícia Galvão), 1933.
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