sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
DEBATE SOBRE O EXPRESSIONISMO:
Durante a década de trinta do século passado, as discussões sobre
arte e política envolviam polêmicas estéticas nos meios intelectuais
da emigração antifascista na Europa. Será neste contexto de discussões
polarizadas entre autores marxistas, que ocorreu aquele que talvez
seja o debate estético de maior vulto do século XX: O Debate sobre o
Expressionismo. Ocorrido entre 1934 e 1938 este debate procurou
analisar a experiência do movimento expressionista que naquele momento
encontrava-se soterrado pela ascenção da barbárie nazista na Alemanha.
De extrema importância para a Resistência cultural antifascista este
debate contou com nomes como Georg Lukács, Ernst Bloch e Bertolt
Brecht. Consideramos este episódio da maior importância para que a
crítica revolucionária atual de arte faça uma reeleitura do
Expressionismo. A seguir transcrevemos alguns trechos do debate.
Atenciosamente
CONSELHO EDITORIAL LANTERNA
O Expressionismo é uma das muitas correntes burguesas do tipo
ideológico que desembocam mais tarde no fascismo(...). A arte
literária do Expressionismo é uma adulteração da realidade, um
retrocesso, não pode ser desligada da concepção de mundo do
parasitismo imperialista(...). O Expressionismo é uma forma de
expressão literária do imperialismo desenvolvido.
Gerog Lukács.
Os expressionistas sobressaíram, durante a guerra, como homens de
paz, partidários do fim da tirânia; pelo que não haveria razão alguma
em classificar sua luta como uma simples luta aparente, representa-la,
inclusive, como uma modalidade da aparente oposição imperialista. As
acusações de imperialistas ou parafascistas são errôneas tanto
política quanto literáriamente(...) Talvez a realidade de Lukács, que
é uma totalidade de conexões, imediata ou indefinida, não o seja assim
objetivamente; talvez ainda o seu conceito de realidade contenha
traços clássicos e de sistema; talvez a realidade autêntica seja
também interrupção(...)O Expressionismo não é apenas a forma mas o
conteúdo especificamente humano. O Expressionismo é fosforescência no
desconhecido, contém objetivamente sombras arcaicas e, misturadas a
elas, luzes revolucionárias(...). Hoje não há nenhum talento sem
raízes expressionistas.
Ernst Bloch
O Debate sobre o Expressionismo, patrocinado pela revista Das Wort,
tornou-se rapidamente uma batalha com as soluções: " Viva o
Expressionismo " e " Viva o Realismo ! ". Por exemplo, no grupo " Viva
o Expressionismo !" encontrar-se-iam uma série de realistas , e no
grupo " Viva o Realismo !" um bando de envergonhados que só desejam
expressar-se(...). Ninguém parece estar convencido de outra coisa
senão de sua própria convicção(...). O Expresionismo é uma arte de
pressão na qual o valor pedagógico se anula diante de um vago
conteúdo envolto em imagens belas e palavras aromáticas(...). Nenhum
realista deve conformar-se com a repetição do que já se sabe: isto não
demonstra uma relação viva com a realidade(...). Não molestem os
jovens com nomes veneráveis! Não limitem o desenvolvimento da técnica
a 1900 e, dai em diante, nada mais!(...). O Expressionismo não é um
assunto penoso, um deslize(...). Gerog Grosz não se permitiu menos
liberdades formais que Franz Marc, mas Herr Hitler esbravejou contra o
fato de que os cavalos de Franz Marc não fossem iguais aos da
realidade, embora não afirmasse com tanta veemência que os burgueses
de Grosz não se aproximassem dela(...). O Expressionismo contém
ensinamentos muito úteis ao Realismo.
Bertolt Brecht
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