domingo, 7 de abril de 2013
ABSTRACIONISMO, ARTE AMBIENTAL E REVOLUÇÃO SOCIALISTA
Quem disse que uma arte ligada á luta pelo socialismo internacional
precisa ser figurativa? A caricatura realista, muito em voga entre
alguns companheiros do LANTERNA, revela um engajamento primário que
não corresponde ás exigências revolucionárias da forma, não explica o
desenvolvimento histórico da arte que no nosso tempo deve estar
liberta das representações religiosas, comerciais e das implicações de
classe. Se existe algo que em termos estéticos possa representar os
interesses da Revolução proletária (esta expressão é um tabu no
vocabulário político de hoje em dia, mas ela está na agenda social do
século XXI), é a arte que procura nas formas uma alteração da
percepção, uma modificação sensorial.
A arte deve revolucionar a sensibilidade dos trabalhadores que não
podem ficar presos ás imagens sentimentais e piegas do realismo.O
importante mesmo é uma reeducação da sensibilidade a partir da
dinâmica imprevisível das formas, livres de qualquer conteúdo
pré-estabelecido. O abstracionismo de um Calder ou a arte ambiental
de Hélio Oiticica, seriam exemplos desta direção emancipadora dos
sentidos. No segundo caso em especial, trata-se de mostrar ao
proletariado que ele pode modificar o ambiente. O conceito de arte
ambiental ficou nos últimos tempos muito preso ao ambiente da classe
média. Em sua formulação original a arte ambiental é coletivista,
sendo capaz de subverter pelas diferentes proposições a condição
passiva de uma população presa á ideia de consumidor, como quer o
sistema capitalista.
Diante do abestalhamento generalizado resultante das imagens que
procuram doutrinar as massas(mesmo na esquerda tem gente que não quer
libertar o operário mas apenas doutriná-lo), defendemos uma retomada
da livre pesquisa em arte. Este direito á pesquisa em arte deve chegar
aos trabalhadores já! As formas geométricas por exemplo, são
fundamentos das correntes construtivistas que nos mostraram durante o
século passado, a libertação da forma no espaço. Esta lição de
liberdade que possui suas raizes em Malevich, pode não ser nova mas
está ameaçada por uma mentalidade que da esquerda á extrema direita
procura manipular as massas pelo recurso da imagem.
É claro que não somos bestas anacrônicas que pretendem restaurar as
experiências da arte abstrata, ou as experiências do
neoconcretismo(aliás muito mais humanas, muito mais vivas do que
aquela frieza do concretismo paulista dos anos cinquenta). Nada
disso, o que queremos dizer é que o sentido histórico das experiências
vanguardistas não chegaram ás massas, mas podem chegar se forem
devidamente reelidas no atual contexto. Imaginem se os trabalhadores
sacarem o seu potencial criativo através do abstracionismo, por
exemplo. Que operação mental revolucionária pode ocorrer entre a
juventude operária! Afinal de contas o abstracionismo em arte envolve
primeiramente a sensação; o intelecto com toda a carga de
conhecimentos objetivamente acumulados(que o proletariado pela sua
condição histórica não teve acesso), aparece em segundo plano:
trocando em miúdos, para o abstracionismo não importam as barreiras
econômicas e culturais, pois a universalidade das formas
geométricas(no plano estético isto nada mais é do que o
internacionalismo revolucionário!) quebram as barreiras e impedem que
os operários sejam administrados, que sejam manipulados enquanto
ovelhas que não reconhecerão, graças ao gesto criativo, a autoridade
da imagem do pastoril. Ou seja, são possbilidades libertadoras que a
arte apresenta em si mesma(não é
propaganda! não é doutrina! não é rebanho!).
A libertação da forma está em sintonia com os objetivos políticos do
socialismo.
Os Independentes.
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