terça-feira, 30 de abril de 2013

SOMENTE A GUERRILHA ARTÍSTICA GARANTE A REVOLUÇÃO CULTURAL PERMANENTE


O conceito de mídia independente é indissociável da orientação política que move os meios de produção culturais não contaminados pela lógica do mercado. No nosso entender é esta orientação que deve conferir á cultura um espaço que tenha por resolução o combate anticapitalista. Dentro da dinâmica específica da cultura é preciso estabelecer as táticas de acordo com as possibilidades técnicas(sobretudo digitais), para assim fortalecer a estratégia. A tática da guerrilha artística impulsiona o internacionalismo da cultura revolucionária: Che Guevara e Leon Trotski, por exemplo,  fornecem conceitos políticos que precisam ser aplicados á luta cultural encarnada no espaço das mídias independentes.
  Entretanto, qual seria o nível de influência concreta que as experiências artísticas provenientes destes meios exercem sobre a realidade social? Esta é uma pergunta difícil já que a ação artística e a reflexão estética agem exclusivamente no plano da sensibilidade, da percepção, dificultando assim a medida exata de sua influência. Porém, é na interrupção dos discursos dominantes que a arte atua, invalidando a realidade estabelecida ao reivindicar uma outra. A arte livre dos imperativos do comércio, não é adorno ou distração, mas uma ação indispensável para a luta política.
  É na dimensão utópica da arte que precisamos insistir: o foco da imagem rebelada pode alastrar sentimentos não apaziguadores em meio a atual crise capitalista. Sem temer o desgaste que o conceito de guerrilha recebe(inclusive sendo alvo de ridicularização por parte da mídia burguesa) nós chamamos a atenção dos companheiros para esta tática. O blog LANTERNA ao reunir um conjunto de tradições estéticas de ruptura afinado ás correntes mais avançadas do pensamento revolucionário, tem por objetivo persistir na natureza libertadora da arte. A imagem, a palavra e o som estão inseridos na disputa ideológica, e é graças á horizontalidade da cultura que estes componentes assumem um aspecto plural(seria pernicioso de nossa parte negligenciar as diferentes concepções sobre arte revolucionária).
 Para que as naturais discordâncias incorram no campo artístico o pressuposto da independência é o ponto comum que une os redatores do LANTERNA: independência frente a qualquer centro de poder político(partidos, ligas, sindicatos, etc) e econômico(empresas capitalistas que financiam e comprometem a imprensa). Isto não impede que os colaboradores do blog militem em organizações políticas ou que ganhem o seu sustento vendendo a sua força de trabalho para empresas públicas ou privadas(o militante precisa comer para lutar). Diferentemente da lógica partidária as correntes estéticas presentes no blog garantem um rico movimento dialético, exigindo que o público de esquerda assuma posições ao deparar-se com as referências históricas no campo da arte revolucionária. Frisamos a expressão “ público de esquerda “ porque é somente entre os companheiros que a arte pode sobreviver ao exame esteticista e egocêntrico feito pela maioria das pessoas que se ocupam de questões artísticas. Medrosos, reacionários ou intelectualmente preguiçosos, a verdade é que muitos artistas nunca terminam a inútil faxina nas torres de marfim.
      Paralelamente á luta econômica e política(ao que corresponde por exemplo o sindicalismo revolucionário) a luta cultural deve ser empreendida a partir de suas próprias iniciativas. Como é triste observarmos as greves calculadas: a greve deve possibilitar a educação política dos trabalhadores e não adapta-los á sociedade de consumo através do reajuste salarial(é claro que deve-se lutar por reajustes salariais, mas durante as greves são necessárias também atividades culturais que fortaleçam a consciência de classe). Chega-se portanto ao problema cultural, necessário para que a luta econômica e política garantam os seus objetivos revolucionários. Nesta questão a mídia independente é o terreno aonde a práxis da arte revolucionária ocorre: o internacionalismo deve se fortalecer com a superação das barreiras culturais entre os paises. Não dependendo de custos mas de compromisso com a libertação dos trabalhadores, as publicações digitais voltadas para os problemas artísticos funcionam enquanto tática foquista que impulsiona a Revolução permanente na esfera da cultura, indissociável da luta política, mas que possui uma dinâmica própria e não pode estar sujeita á  interesses partidários que moldem suas ações.
    Defendemos a legitimidade da arte revolucionária no contexto de publicações independentes porque é somente nestas condições que a militância particular do artista e do intelectual, podem contribuir para o fim da sociedade exploradora e alienante. Somos guerrilheiros da arte exatamente por defendermos uma cultura revolucionária que deve se processar em todos os paises.

                              CONSELHO EDITORIAL LANTERNA

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