sexta-feira, 31 de julho de 2015

Dadá tem posição política:


É lamentável quando nos deparamos com um garoto boboca bancando o Dadá. A preguiça mental faz com que muitos cérebros rastejantes se acovardem frente ao problema político. Portanto, para um jovem que desconhece as implicações mais profundas da sociedade da qual ele é parte(e a ignorância manifesta-se nos mais variados terrenos, abrangendo inclusive a literatura e a arte) o atalho mais seguro é a simples negação de tudo: o movimento Dadá, que foi um violento protesto irracional contra a própria irracionalidade da civilização burguesa(lembremo-nos que os dadás criaram o seu movimento em plena Primeira guerra mundial), torna-se para muitos hoje uma desculpa para quem não tem posição frente às questões políticas e artísticas.
 Negar a racionalidade da cultura burguesa pressupõe o conhecimento dela. Profanar o conceito de arte e desenvolver manifestações de antiarte, é uma posição política. A selvageria Dadá pode até apresentar componentes de molecagem, mas era uma resposta de setores da juventude contra uma sociedade que patrocinava museus e fabricava metralhadoras. Dadá é necessariamente anticapitalista(e o Dadá alemão que o diga!).


                                                                                 Marta Dinamite

quinta-feira, 30 de julho de 2015

cinema e socialismo:


O primeiro engano cometido contra um cinema que se propõe a exprimir a luta socialista, é a de que um filme não pode ser um veículo para ideias políticas. Críticos e cineastas que defendem uma suposta " pureza artística ", não podem estar falando de cinema: o fato é que o cinema desde as suas origens liga-se pela natureza da sua linguagem e pela sua raiz técnica ao fato ideológico. Claro, um filme político que tem algo a dizer não é uma peça publicitária, na qual o diretor é tão somente pau mandado. Entretanto, o cinema é pela sua constituição visual um fenômeno essencialmente político, de difusão e debate de ideias políticas.
 Nem sempre as relações entre cinema e socialismo foram tranquilas. Mas acontece que o cinema possui um papel educador que obviamente hoje não restringe-se às salas de exibição, mas aos mais variados contextos técnicos em que a linguagem do filme se faz presente. A afirmação de Lênin, para quem o cinema é a mais importante de todas as artes, ainda está valendo.


                                                                                           Geraldo Vermelhão

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Cantar, opinar, participar:


Há cinquenta anos, cantar e agir politicamente contra a classe dominante, eram sinônimos. Que o diga o Show Opinião, que tinha à frente gente como Nara Leão e Zé Kéti. O fato de algumas pessoas hoje serem nostálgicas quanto ao regime militar, leva-nos a colocar na ordem do dia a produção musical que fez questão de levantar punhos e violões contra a ditadura. A memória da música popular brasileira possibilita uma importante lição: cantar é agir, é participar segundo os interesses históricos do proletariado. A canção popular deve ser uma força política capaz de ajudar na mobilização contra as formas de intolerância e dominação. Tanto em 1965 quanto em 2015 é preciso cantar...


                                                                                 Lúcia Gravas

terça-feira, 28 de julho de 2015

Mário Pedrosa: crítico de arte e militante político


Chega às livrarias um belíssimo volume com ensaios do crítico de arte e militante político Mário Pedrosa. Arte. Ensaios: Mário Pedrosa(saiu pela Cosac Naify), apresenta textos preciosos que certamente acendem o pavio num momento em que a crítica encontra-se apagada, acovardada e carente de envergadura.  O internacionalismo e o compromisso com a liberdade artística, fazem de Pedrosa uma das principais referências no pensamento estético brasileiro. Aliás, não é a primeira vez, e provavelmente não será a última, em que fazemos questão de divulgar e defender o ponto de vista revolucionário deste que é o principal crítico de arte do Brasil do século passado.
  Arte social, surrealismo e abstracionismo geométrico são fenômenos artísticos modernos que pontuam o itinerário intelectual de Pedrosa. Para pseudos marxistas que não entendem nada de revolução e de arte, os textos de Mário Pedrosa são remédios para o pensamento revolucionário.


                                                                                                 Os Independentes

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Leminski: " o samurai malandro " da poesia de vanguarda


Paulo Leminski é certamente um pilar de fogo das nossas vanguardas. O poeta curitibano deve ser lido por todos os revolucionários deste país. De poeta concretista a um dos introdutores das informações contraculturais, Leminski fez da palavra um meio de inovar, romper, transformar e informar " o desconhecido ", " o novo ".
 O poeta Paulo Leminski sempre optou pela ruptura estética: concretismo, tropicalismo, rock e toda  vivência underground; ele combinava zen budismo com a vida boêmia, a prática do Judô com as experiências contraculturais. Um cara que mergulhou no rock, trocou figurinhas com Caetano e Gil e ainda escreveu uma biografia de Leon Trotski. Que sujeito porreta!


                                                                                                     Tupinik

sábado, 25 de julho de 2015

" Toda licença em arte "


Há exatos 77 anos André Breton  e Leon Trotski redigiram o Manifesto Por uma Arte Revolucionária independente.  Em 1938 este texto representou uma alternativa contundente para artistas e escritores revolucionários que opunham-se ao stalinismo e ao fascismo Ainda que hoje o realismo socialista e as aberrações estéticas do fascismo não sejam propriamente  ameaças, as ideias de Breton e Trotski  nos tomam de entusiasmo na hora de defendermos o papel revolucionário da arte: a contribuição revolucionária da arte depende de uma liberdade total no processo criativo.
 Defender a independência da arte não tem nada a ver com concessões liberais. Muito pelo contrário: no atual momento histórico, em que o capital procura asfixiar todas as atividades do espírito, somos levados a concluir que a independência da arte pressupõe a luta contra o próprio sistema capitalista. Quando proclama-se " " toda licença em arte ", estamos assinando embaixo de uma ideia que combate com toda energia a sociedade burguesa.


                                                                                          Os Independentes

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Fora da arte combativa só existe alienação:


Olhar, observar, sentir, envolve o lado de fora do mundo. E o que o capitalismo reserva do lado de fora? Fome, alienação, guerra, desespero, etc. Portanto na hora de criar uma imagem o artista encontra-se inevitavelmente diante de um dilema ético: ou ele se posiciona através do seu olhar ou fecha os olhos. Estética sem ética só pode dar no fascismo.
 Para o artista comunista, imagem e ideologia não se separam. Enquanto que a maioria dos artistas de classe média cultivam a forma do seu próprio umbigo, os militantes revolucionários da arte sabem que a criação envolve a elevação da consciência política do proletariado.


                                                                                                José Ferroso

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Por que a Esquerda tem medo de Artaud?


Em grande parte, chegam a ser redundantes as práticas teatrais vinculadas ao campo político da esquerda. Nenhum voo poético, quase nada de intuição e até mesmo uma atitude bem comportada em que a violência cênica inexiste. É por estas e outras que quase nenhum marxista no Brasil entendeu o legado do teatrólogo e poeta francês Antonin Artaud. A tese do teatro da crueldade não poderia se conformar a simples condição de " instrumento político ". A crueldade de Artaud, que desorganiza as formas de sentir estruturadas segundo a cultura burguesa, não é um atalho mas uma força contestadora que ajuda todos nós a quebrarmos os valores burgueses e os fantasmas internos na base do ponta pé poético.
 Pessoalmente Artaud podia não entender nada de política, sendo decepcionante e relativista sua tara metafísica. Mas quais teriam sido os esforços para os marxistas dialogarem e compreenderem as contribuições revolucionárias do teatro de Artaud? Para este "suicidado da sociedade ", a esquerda também possui enorme responsabilidade: as ideias de Artaud são ainda extremamente atuais nos choques e nos conflitos com a cultura dominante. Não precisamos concordar com o que Artaud fala sobre política. Mas se almejamos uma revolução integral, isto não pode ser feito sem o legado de gente como Artaud. O teatro revolucionário pode ir bem mais longe...


                                                                               
                                                                                           Marta Dinamite

quarta-feira, 22 de julho de 2015

As heranças do cinema operário:


Todos sabemos que as câmeras digitais são armas nas mãos do proletariado de hoje: novas experiências audiovisuais nascem aos montes nas comunidades periféricas do Brasil. Entretanto, toda câmera-arma precisa de uma boa munição-histórica. As heranças passam por um giro histórico em torno das inúmeras tentativas de consolidação da produção cinematográfica no seio do proletariado internacional.
 É verdade que o cinema é atualmente a arma do imperialismo, do terrível bombardeio comercial que nos afoga com as imagens descartáveis e opressoras do nosso tempo. Mas nem tudo na História do cinema esteve nas mãos da indústria cultural; e é preciso que a classe operária saiba disso. Das experiências soviéticas até os filmes realizados pelos anarquistas espanhóis da CNT nos tempos da guerra cívil espanhola(1936-1939), o que não faltam são exemplos históricos que podem reatar com as inquietações do proletariado brasileiro dos nossos dias. A busca está na tentativa de organizarmos um novo cinema operário.


                                                                                        Geraldo Vermelhão

terça-feira, 21 de julho de 2015

Quase ninguém sabe o que é Surrealismo:

Atendendo aos interesses da burguesia, lacaios que se metem a estudar arte e literatura, insistem em perpetuar no Brasil enganos sobre o surrealismo. O problema  está em classificar a revolta surrealista como " estilo artístico ". Para o surrealismo a arte é um meio, dentre vários outros, para revelar que o desejo não pode ser domado pela ótica racionalista que move o capitalismo.
 É preciso insistir no fato de que mergulhar no inconsciente não envolve um passeio seguro com cinto de segurança. Praticar poesia não é o cultivo de versos mas o choque constante contra os interditos da civilização burguesa. Se para evidenciar este fato um indivíduo faz uso de versos ou de uma pintura, isto é fundamental: é a verdade revolucionária da arte. Sim, podem até transformar telas e livros em mercadorias. Porém, a transgressão presente na experiência com a linguagem surrealista abre uma esfera proibida do ser.  E é isso que interessa na hora de considerarmos que o surrealismo é um aliado da revolução socialista na destruição do regime burguês.


                                                                           Os Independentes

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O ativismo artístico contra uma Europa reacionária:


Enquanto o imperialismo alemão come solto, estrangulando a Grécia com uma política neocolonial, coletivos de artistas reagem contra o conservadorismo. O problema da imigração na Europa, por exemplo, vem sendo debatido criticamente por coletivos de artistas como o ZPS(Zentrum Fur Politische Schonheit); em português o nome do coletivo alemão pode ser traduzido como Centro Para Beleza Política. Sem querer aqui colocar em foco a orientação ideológica do ZPS, o fato é que estes artistas estão fazendo um barulho dos diabos numa Europa ultra burguesa.
  Desafiando os limites entre realidade e ficção, entre teatro e protesto social, o ZPS vem escancarando feridas como a da imigração. Na série " Os Mortos Estão Chegando ", o coletivo cria uma ação baseada num constrangimento real: 1.800 imigrantes morreram no primeiro semestre de 2015, ao atravessarem o mar(sendo que cerca de 50 mil chegaram de barco na Itália). Homenageando os imigrantes mortos através do enterro e da marcha, O ZPS ataca em suas manifestações os governos europeus que se fecham para os imigrantes.
 A importância das ações de um coletivo como o ZPS está na inserção do teatro na vida concreta, em suas dores e contradições políticas. Philipp Ruch, diretor teatral e principal cabeça do coletivo, sabe fazer do elemento cênico uma ação crítica sobre a realidade.


                                                                                                     Os Independentes

Antonio Benetazzo: artista e guerrilheiro

Rever a História da arte no Brasil é um trabalho intelectual que não tem fim. Especialmente se levarmos em conta o fato dos artistas mais radicais, sob o ponto de vista político ,estarem relegados ao esquecimento. A ditadura militar foi um processo brutal que encarregou-se desta tentativa de assassinato da memória, tanto no plano político quanto cultural. O artista e militante italiano Antonio Benetazzo seria um exemplo disso: pintor e comunista, Benetazzo aderiu à luta armada, tornando-se membro da ALN(Aliança Libertadora Nacional). Assassinado pela ditadura, Antonio Benetazzo tem a sua obra colocada à luz do dia. Graças ao trabalho dos professores André Fratti e Reinaldo Cardenuto e da historiadora Zuleika Alvim(que foi amiga do artista) a produção artística de Benetazzo começa a ser debatida em seu caráter estético e político.
  Uma exposição da obra de Antonio Benetazzo está para sendo programada para o início do ano que vem. Em uma de suas pinturas encontramos a imagem de Che Guevara morto. Este seria apenas um exemplo dentro da obra de um artista que não via contradição entre o traço, as cores e a luta pelo socialismo.


                                                                                                  Lenito

Um pensador da contracultura:

Se a caretice generalizada é produto de uma onda conservadora que estendeu-se pela cultura brasileira nas últimas três décadas, cabe a nós realizarmos a seguinte pergunta: quais artistas e intelectuais ainda podemos tomar como referência para nos fortalecermos no combate diário? Infelizmente existem poucos. Dentre eles encontramos Luiz Carlos Maciel, 77 anos. Filósofo, jornalista e homem de teatro, Maciel é sinônimo de contracultura no Brasil. Atualmente o escritor  está elaborando um livro sobre as possíveis relações entre os hippies com o filósofo Heidegger.
 O pensador gaúcho Luiz Carlos Maciel foi um dos responsáveis pela abertura mental dentro da esquerda brasileira. Ele soube atualizar a vida da juventude dos anos sessenta e setenta com seus artigos sobre as experiências de contestação frente ao modo de vida ocidental. Ele foi um dos articuladores da revolução cultural deflagrada na segunda metade dos anos sessenta no Brasil: enquanto a ditadura tentava sepultar todas as formas de utopia, Maciel interagia com gente como Glauber Rocha, José Celso Martinez Correa e Caetano Veloso. Para nós, os textos de Maciel são combustíveis que alimentam a oposição cultural.


                                                                                         Marta Dinamite