quinta-feira, 23 de julho de 2015

Por que a Esquerda tem medo de Artaud?


Em grande parte, chegam a ser redundantes as práticas teatrais vinculadas ao campo político da esquerda. Nenhum voo poético, quase nada de intuição e até mesmo uma atitude bem comportada em que a violência cênica inexiste. É por estas e outras que quase nenhum marxista no Brasil entendeu o legado do teatrólogo e poeta francês Antonin Artaud. A tese do teatro da crueldade não poderia se conformar a simples condição de " instrumento político ". A crueldade de Artaud, que desorganiza as formas de sentir estruturadas segundo a cultura burguesa, não é um atalho mas uma força contestadora que ajuda todos nós a quebrarmos os valores burgueses e os fantasmas internos na base do ponta pé poético.
 Pessoalmente Artaud podia não entender nada de política, sendo decepcionante e relativista sua tara metafísica. Mas quais teriam sido os esforços para os marxistas dialogarem e compreenderem as contribuições revolucionárias do teatro de Artaud? Para este "suicidado da sociedade ", a esquerda também possui enorme responsabilidade: as ideias de Artaud são ainda extremamente atuais nos choques e nos conflitos com a cultura dominante. Não precisamos concordar com o que Artaud fala sobre política. Mas se almejamos uma revolução integral, isto não pode ser feito sem o legado de gente como Artaud. O teatro revolucionário pode ir bem mais longe...


                                                                               
                                                                                           Marta Dinamite

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