Um rolo compressor ameaça esmagar a classe trabalhadora brasileira. Aquilo que o governo(representante direto da burguesia) chama de " modernização das relações de trabalho ", não passa de uma canga que os patrões desejam colocar nas costas do trabalhador. Os direitos conquistados historicamente com muitas lutas, estão claramente ameaçados. Mas nós trabalhadores, sabemos muito bem que não somos gado. A greve geral ocorrida da última sexta feira, foi uma resposta importante. Se faz necessário agora outras mobilizações em que a voz dos trabalhadores seja ouvida de norte a sul no país. Mas o que tudo isso tem a ver com arte?
Se os trabalhadores estão com seus direitos ameaçados, a única saída política é a mobilização, é a luta política. Tais caminhos históricos estão intimamente ligados ao nível de consciência que os trabalhadores podem e devem adquirir. Como sempre defendemos aqui, a tomada de consciência depende não apenas da informação em si: não basta relatar objetivamente os acontecimentos. O problema é como esta mesma informação é comunicada. O jornalismo operário e o carro de som cumprem um papel político inestimável, mas são instrumentos que apenas em parte constroem a mensagem política. Tomar consciência também envolve uma ação sensível sobre seres humanos concretos; daí a necessidade da arte nas lutas da classe trabalhadora.
A questão estética não é neste caso um mero complemento, mas uma dimensão necessária para que o proletariado reconheça/compreenda pelos seus nervos, pela sua emoção(que nunca pode estar divorciada da sua racionalidade) a opressão realizada pela classe dominante. As manifestações artísticas de esquerda precisam ocupar um espaço cultural importante na vida dos trabalhadores. Uma obra literária, por exemplo, deve disputar ideologicamente com o texto religioso fundamentalista que narcotiza o leitor operário no ônibus ou no metrô . Um vídeo combativo deve ser capaz de interessar os operários tanto quanto uma partida de futebol. Seriam estas tarefas fáceis?
Do ponto de vista da correlação de forças, os militantes da cultura não estão em condições favoráveis. Entretanto, é no movimento contraditório que rege a realidade, que tanto o protesto político quanto a arte combativa adquirem força histórica.
domingo, 30 de abril de 2017
domingo, 23 de abril de 2017
Boletim Lanterna. Ano 07. Edição 62
Apresentamos A Greve Criadora, de Lenito
" Nenhum motor de ônibus roncou naquela manhã. O silêncio era a invisível melodia de combate nas garagens e nas estações de trem. A sirene das 18 h não gritaria: ela beijaria os lábios do relógio enquanto apitos, sinaleiros, placas e faróis acabariam por fazer amor num céu colorido. Aquela manhã seria de luta e beleza, ou melhor dizendo,seria aos olhos da história a beleza da luta.
Num porto de Santos, uma ave pousou sobre um navio imóvel, fechado como um túmulo. Pessoas amontoavam-se nas estações de Metrô das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Nenhum trem. Novos itinerários mentais. Bocas tagarelavam de norte a sul, de leste a oeste; era uma somatória de sotaques, uma moderna torre de Babel proletária que falava em um único assunto: greve geral.
Por volta do meio dia, um grupo de poetas exaustos entregava seus poemas aos passantes. Os poemas foram impressos em folhetos. Cada poeta entregava cada exemplar com entusiasmo e , olhando fixamente nos olhos dos transeuntes, diziam numa voz urgente: " É importante camarada, leia!". Uma velha exclamou " Este papel tem cheiro de pólvora ". Alguns passos a frente, uma estudante respondia " Não, vovó. Isto tem cheiro de flor ". Os poetas percorreram o centro da cidade incansavelmente.
Os poemas circulavam como loucas borboletas que desejavam pousar nos olhos de todos os trabalhadores da cidade: nas praças, nas fábricas, nas universidades... Naquele dia de greve, todos os espaços públicos deveriam conter versos que traduziam em imagens raivosas, a carne trêmula usada como velho burro de carga do capital. Um sindicalista perguntou a um dos poetas:
- Rapaz, isto é um panfleto ou um poema?
Limpando o suor da testa, o poeta responde:
- O poema é um panfleto e o panfleto é um poema.
Restavam alguns poucos exemplares nas mãos dos poetas. Um velho professor perguntou ao grupo:
- Certo, vocês são poetas de esquerda, escritores politizados. Mas será que num dia de greve como esse, sobra espaço para poesia?
Um dos poetas sorriu. Abraçou o velho professor e disse com um sorriso embriagado:
- Meu caro, o trabalho da poesia não é alienado. É um lance criador. Quando os trabalhadores entram em greve a poesia ocupa a cidade. Para nós, a greve é a obra de arte necessária.
No final da noite, um burguês rói-a as unhas: ele olhava pela janela as massas em luta. Um mal estar intestinal fez com que ele corresse para seu lindo banheiro. Foi um único gesto sem poesia durante todo aquele dia " .
Lenito
" Nenhum motor de ônibus roncou naquela manhã. O silêncio era a invisível melodia de combate nas garagens e nas estações de trem. A sirene das 18 h não gritaria: ela beijaria os lábios do relógio enquanto apitos, sinaleiros, placas e faróis acabariam por fazer amor num céu colorido. Aquela manhã seria de luta e beleza, ou melhor dizendo,seria aos olhos da história a beleza da luta.
Num porto de Santos, uma ave pousou sobre um navio imóvel, fechado como um túmulo. Pessoas amontoavam-se nas estações de Metrô das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Nenhum trem. Novos itinerários mentais. Bocas tagarelavam de norte a sul, de leste a oeste; era uma somatória de sotaques, uma moderna torre de Babel proletária que falava em um único assunto: greve geral.
Por volta do meio dia, um grupo de poetas exaustos entregava seus poemas aos passantes. Os poemas foram impressos em folhetos. Cada poeta entregava cada exemplar com entusiasmo e , olhando fixamente nos olhos dos transeuntes, diziam numa voz urgente: " É importante camarada, leia!". Uma velha exclamou " Este papel tem cheiro de pólvora ". Alguns passos a frente, uma estudante respondia " Não, vovó. Isto tem cheiro de flor ". Os poetas percorreram o centro da cidade incansavelmente.
Os poemas circulavam como loucas borboletas que desejavam pousar nos olhos de todos os trabalhadores da cidade: nas praças, nas fábricas, nas universidades... Naquele dia de greve, todos os espaços públicos deveriam conter versos que traduziam em imagens raivosas, a carne trêmula usada como velho burro de carga do capital. Um sindicalista perguntou a um dos poetas:
- Rapaz, isto é um panfleto ou um poema?
Limpando o suor da testa, o poeta responde:
- O poema é um panfleto e o panfleto é um poema.
Restavam alguns poucos exemplares nas mãos dos poetas. Um velho professor perguntou ao grupo:
- Certo, vocês são poetas de esquerda, escritores politizados. Mas será que num dia de greve como esse, sobra espaço para poesia?
Um dos poetas sorriu. Abraçou o velho professor e disse com um sorriso embriagado:
- Meu caro, o trabalho da poesia não é alienado. É um lance criador. Quando os trabalhadores entram em greve a poesia ocupa a cidade. Para nós, a greve é a obra de arte necessária.
No final da noite, um burguês rói-a as unhas: ele olhava pela janela as massas em luta. Um mal estar intestinal fez com que ele corresse para seu lindo banheiro. Foi um único gesto sem poesia durante todo aquele dia " .
Lenito
domingo, 16 de abril de 2017
Boletim Lanterna. Ano 07. Edição 61
O que seria propriamente um artista marxista? Haveria a necessidade de exclusividade ideológica por parte do materialismo histórico dialético? Tais perguntas estão muito presas ao rótulo e nem sempre dão conta de compreender do ponto de vista revolucionário a participação política do artista. Antes de mais nada, é preciso que se diga que o marxismo não é um peso sobre as costas de um artista mas um guia, uma chave histórica que lhe oferece conceitos para compreender as relações entre a arte e a sociedade em que ele vive.
Durante o início dos anos 30 na França, o Partido Comunista vivia enchendo o saco dos surrealistas, que em boa parte tinham aderido aos propósitos filosóficos do marxismo. Os dirigentes comunistas franceses desconfiavam do pensamento surrealista: diziam para André Breton, o cabeça do movimento surrealista, que se ele é comunista não existiria necessidade de ser surrealista. Mas quem disse que um comunista também não pode ser um surrealista? Por que delimitar? Este questionamento pode ser estendido para outras situações: um punk ou um rapper podem tranquilamente adotar o método marxista para compreender a realidade, compactuando com os propósitos filosóficos do comunismo sem abrir mãos das especificidades artísticas dos movimentos culturais em que eles atuam.
O marxismo é necessário para o artista: a Economia Política ajuda a desmanchar aquela ideia fajuta de que o artista é um ser que vive flutuando, habitando alegremente um outro mundo, apartado da realidade. É através do materialismo histórico dialético que o artista entende a capacidade de intervenção política da sua arte. Trocando em miúdos: um artista pode adotar a filosofia marxista sem o menor prejuízo frente às suas orientações estéticas, frente ao seu posicionamento diante das questões artísticas e culturais em geral. O marxismo acaba por fundamentar suas práticas, destruindo as bobagens do idealismo pequeno burguês e contribuindo para o entendimento da cultura e logo das leis da história.
Durante o início dos anos 30 na França, o Partido Comunista vivia enchendo o saco dos surrealistas, que em boa parte tinham aderido aos propósitos filosóficos do marxismo. Os dirigentes comunistas franceses desconfiavam do pensamento surrealista: diziam para André Breton, o cabeça do movimento surrealista, que se ele é comunista não existiria necessidade de ser surrealista. Mas quem disse que um comunista também não pode ser um surrealista? Por que delimitar? Este questionamento pode ser estendido para outras situações: um punk ou um rapper podem tranquilamente adotar o método marxista para compreender a realidade, compactuando com os propósitos filosóficos do comunismo sem abrir mãos das especificidades artísticas dos movimentos culturais em que eles atuam.
O marxismo é necessário para o artista: a Economia Política ajuda a desmanchar aquela ideia fajuta de que o artista é um ser que vive flutuando, habitando alegremente um outro mundo, apartado da realidade. É através do materialismo histórico dialético que o artista entende a capacidade de intervenção política da sua arte. Trocando em miúdos: um artista pode adotar a filosofia marxista sem o menor prejuízo frente às suas orientações estéticas, frente ao seu posicionamento diante das questões artísticas e culturais em geral. O marxismo acaba por fundamentar suas práticas, destruindo as bobagens do idealismo pequeno burguês e contribuindo para o entendimento da cultura e logo das leis da história.
domingo, 9 de abril de 2017
Boletim Lanterna. Ano 07. Edição 60
Apresentamos Prato Vazio , de Marta Dinamite.
" A louça gemia, em grunhidos delicados, antes de se arrebentar toda no chão. Por entre cacos, dedos cortados e o olhar emputecido da patroa, a Garçonete 1 e a Garçonete 3 preparavam a pá, a vassoura e o saco de lixo. O leitor deve estar se perguntando sobre a Garçonete 2, quando será que ela vai pintar no texto. Infelizmente isto não será possível: ela foi demitida na semana passada. Bem na frente da cozinha, está o balcão do boteco. Um velho com bigodes amarelados, termina seu café com leite. Foi tudo o que ele consumiu: estava sem trocado para o ovo cozido de cor azul ou para uma fatia do bonito bolo de laranja. Na saída, O Velho dá uma piscadela para a triste prostitua que, sentada na primeira mesa, olha de modo despedaçado para o copo de conhaque.
" Mas, que coisa ! " Algum leitor irritado deve estar se perguntando: " Será que a autora não vai dar nome aos seus personagens ?". Em minha defesa como autora de literatura de esquerda, afirmo que isto não tem a menor diferença: a patroa poderia se chamar Susana, a Garçonete 1 poderia se chamar Maria, a Garçonete 2 poderia ser Josefina, o velho poderia se chamar José e a prostituta poderia ser Ana ou Amélia. E daí? Nomes dizem muito pouco na literatura e na vida quando o assunto é a desolação na sociedade capitalista: mesmo a louça quebrada, um copo, uma xícara e um prato, são objetos que só existem para quem possui dinheiro para pagar o que vem dentro deles(guaraná, café , feijão ou bife). A questão é que num enredo que toma a realidade como tema, existe sempre um vazio no estômago e na cabeça.
Naquela mesma tarde de louças quebradas, piscadela, sangue no dedo e olhar alcoilizado, nota-se um quadro absurdo feito de gente sofrida. Situações paradoxais: nuvens carregadas e corações secos, supermercados cheios de comida e mendigos raquíticos em volta, livros perdidos e analfabetos que mal conseguem ler o nome do seu bairro escrito no ônibus que aguardam. Tudo corriqueiro, vazio e sem sentido num país em que a escrita é usada para contabilizar e controlar. Aí, se descobrissem que as palavras podem ter cheiro de protesto e sonho... "
Marta Dinamite
" A louça gemia, em grunhidos delicados, antes de se arrebentar toda no chão. Por entre cacos, dedos cortados e o olhar emputecido da patroa, a Garçonete 1 e a Garçonete 3 preparavam a pá, a vassoura e o saco de lixo. O leitor deve estar se perguntando sobre a Garçonete 2, quando será que ela vai pintar no texto. Infelizmente isto não será possível: ela foi demitida na semana passada. Bem na frente da cozinha, está o balcão do boteco. Um velho com bigodes amarelados, termina seu café com leite. Foi tudo o que ele consumiu: estava sem trocado para o ovo cozido de cor azul ou para uma fatia do bonito bolo de laranja. Na saída, O Velho dá uma piscadela para a triste prostitua que, sentada na primeira mesa, olha de modo despedaçado para o copo de conhaque.
" Mas, que coisa ! " Algum leitor irritado deve estar se perguntando: " Será que a autora não vai dar nome aos seus personagens ?". Em minha defesa como autora de literatura de esquerda, afirmo que isto não tem a menor diferença: a patroa poderia se chamar Susana, a Garçonete 1 poderia se chamar Maria, a Garçonete 2 poderia ser Josefina, o velho poderia se chamar José e a prostituta poderia ser Ana ou Amélia. E daí? Nomes dizem muito pouco na literatura e na vida quando o assunto é a desolação na sociedade capitalista: mesmo a louça quebrada, um copo, uma xícara e um prato, são objetos que só existem para quem possui dinheiro para pagar o que vem dentro deles(guaraná, café , feijão ou bife). A questão é que num enredo que toma a realidade como tema, existe sempre um vazio no estômago e na cabeça.
Naquela mesma tarde de louças quebradas, piscadela, sangue no dedo e olhar alcoilizado, nota-se um quadro absurdo feito de gente sofrida. Situações paradoxais: nuvens carregadas e corações secos, supermercados cheios de comida e mendigos raquíticos em volta, livros perdidos e analfabetos que mal conseguem ler o nome do seu bairro escrito no ônibus que aguardam. Tudo corriqueiro, vazio e sem sentido num país em que a escrita é usada para contabilizar e controlar. Aí, se descobrissem que as palavras podem ter cheiro de protesto e sonho... "
Marta Dinamite
domingo, 2 de abril de 2017
Boletim Lanterna. Ano 07. Edição 59
Nem sempre aqueles que defendem a arte como instrumento de transformação das relações sociais, possuem um projeto político revolucionário. Dizer que a arte promove mudanças ou contribui com a educação dos homens, pode ser um esforço idealista em torno de palavras vazias. Um artista que deseje colocar sua obra como gesto de crítica e oposição à civilização capitalista, necessita de um entendimento materialista da arte e da história(ou melhor dizendo, da arte na história).
Devemos nos lembrar de que foi a burguesia revolucionária do século XVIII, quem atribuiu uma função política elevadora para a arte. Esta foi uma tarefa histórica da maior importância; porém, o sistema capitalista revelou novas contradições no processo histórico. Foi esta mesma burguesia que estabeleceu valores universais que, na sociedade capitalista, não possuem uma aplicação concreta: liberdade, igualdade e fraternidade são proclamados aos quatro ventos mas negados numa organização econômica baseada na exploração. Da mesma maneira que direitos não podem ser abstrações que unem falsamente os homens, a arte não pode ser encarada como um mundo ideal que nunca toca na realidade material. Para um artista revolucionário, o centro do problema é compreender quando a obra de arte torna-se uma força material, ou seja, quando a arte torna-se uma forma ideológica através da qual os trabalhadores tomam consciência sobre a necessidade de transformar as bases econômicas e políticas da sociedade.
Enquanto trabalho avançado, a arte não nasce de um mundo ideal: a fonte do estético não está nem no espírito e nem na natureza. Os objetos estéticos nascem de uma relação entre sujeito e matéria dada: a relação dialética contida no processo criador, resulta no enriquecimento da subjetividade, na afirmação do homem e na humanização da natureza. A arte pressupõe relações sociais, ou seja, a criação artística, embora relativamente autônoma, nunca se separa da base econômica de uma sociedade. Ainda que a ideologia da arte não resuma a necessidade da arte para o homem(assunto já tratado em outras edições deste periódico), a luta de classes impõe uma necessidade ideológica para a arte: através de inúmeras possibilidades estéticas, o artista deve compreender concretamente a realidade para assim criar obras que atuem sobre a percepção dos trabalhadores. Portanto, a arte não é uma iluminação que vem do céu, mas sim um esforço cultural necessário que articula-se de modo independente com as forças políticas interessadas em libertar a classe trabalhadora.
Devemos nos lembrar de que foi a burguesia revolucionária do século XVIII, quem atribuiu uma função política elevadora para a arte. Esta foi uma tarefa histórica da maior importância; porém, o sistema capitalista revelou novas contradições no processo histórico. Foi esta mesma burguesia que estabeleceu valores universais que, na sociedade capitalista, não possuem uma aplicação concreta: liberdade, igualdade e fraternidade são proclamados aos quatro ventos mas negados numa organização econômica baseada na exploração. Da mesma maneira que direitos não podem ser abstrações que unem falsamente os homens, a arte não pode ser encarada como um mundo ideal que nunca toca na realidade material. Para um artista revolucionário, o centro do problema é compreender quando a obra de arte torna-se uma força material, ou seja, quando a arte torna-se uma forma ideológica através da qual os trabalhadores tomam consciência sobre a necessidade de transformar as bases econômicas e políticas da sociedade.
Enquanto trabalho avançado, a arte não nasce de um mundo ideal: a fonte do estético não está nem no espírito e nem na natureza. Os objetos estéticos nascem de uma relação entre sujeito e matéria dada: a relação dialética contida no processo criador, resulta no enriquecimento da subjetividade, na afirmação do homem e na humanização da natureza. A arte pressupõe relações sociais, ou seja, a criação artística, embora relativamente autônoma, nunca se separa da base econômica de uma sociedade. Ainda que a ideologia da arte não resuma a necessidade da arte para o homem(assunto já tratado em outras edições deste periódico), a luta de classes impõe uma necessidade ideológica para a arte: através de inúmeras possibilidades estéticas, o artista deve compreender concretamente a realidade para assim criar obras que atuem sobre a percepção dos trabalhadores. Portanto, a arte não é uma iluminação que vem do céu, mas sim um esforço cultural necessário que articula-se de modo independente com as forças políticas interessadas em libertar a classe trabalhadora.
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