Num país com mais de 17 milhões de famintos como o nosso, qual
seria em termos estéticos a resposta dada a uma sociedade submetida a
todas as bestialidades da cultura de massa? Não me sinto nem um pouco
acanhado em dizer que a saída está numa arte proletária. Antes que os
trotskistas comecem a berrar(e sei perfeitamente alguns deles se
encontram enquanto companheiros de Redação neste blog), devo
esclarecer que este é um conceito não somente atual mas necessário
para toda a América Latina que sofre com as imposições econômicas e
culturais da burguesia.
Arte proletária envolve uma produção plástica, literária,
cinematográfica, teatral, etc, que tem por tema os dramas da classe
operária e a crítica direta, didática a sociedade capitalista e suas
mazelas sociais. Estes dramas repercutem não de forma evasiva, dando
margem para reformismo(político e...estético), mas de forma
impactante, realista.Não julgo importante a origem sócio-econômica de
quem cria desde que seja um revolucionário comprometido com a denúncia
social e a defesa dos trabalhadores(Jorge Amado e Graciliano Ramos
seriam exemplos avançados disso na literatura brasileira de referência
aos jovens escritores revolucionários de hoje).
É comum que a crítica burguesa fique horrorizada com o caráter de
propaganda da arte proletária. Entretanto se a burguesia tem na
publicidade um forte sustentáculo ideológico, acredito que a arte pode
e deva ser um panfleto bem feito. Ser panfletário em arte não é crime,
mas uma necessidade de comunicação, de esclarecimento junto aos
trabalhadores. Se uma propaganda é dotada de dimensões estéticas, por
que a obra de arte também não pode funcionar enquanto propaganda
revolucionária para as massas? Defender a arte proletária hoje é ser
consequente politicamente, é abrir espaço para expressões artísticas
que dialogam com o real e que portanto não ficam no abstracionismo e
no relativismo próprios da arte contemporânea(realizada por artistas
da pequena-burguesia, sem rumos, completamente alienados).
Leon Trotski em seu livrinho Literatura e Revolução(1923) errou
feio em vários momentos. Errou primeiramente ao dizer que os
trabalhadores não podem ter uma arte própria, de classe, pois além de
não terem assimilado todo o legado artístico e literário, iriam
desaparecer enquanto classe no seio do comunismo. Isto é um erro
primário: O período de ditadura do proletariado pode não ser
breve(como bem demonstra no plano histórico) e necessita sim de uma
arte que seja expressão dos interesses históricos da classe operária.
Caso contrário o que ocorreria no socialismo do ponto de vista
artístico para sedimentar a Revolução? Apenas a revisão da História
literária e artística?Da Antiguidade clássica as vanguardas? Outro
erro do general do Exército vermelho está em achar que a arte
socialista será construída no futuro(mas o pior de tudo é achar que os
seus seguidores políticos pensam o mesmo até hoje!). Para completar os
equívocos da orientação cultural trotskista, Trotski defende um certo
liberalismo em arte, o que pode acarretar em irresponsabilidades
estéticas. É claro que considerações deste tipo só poderiam ter levado
ao encontro com o surrealismo: Movimento evasivo, profundamente
individualista, pequeno-burguês, desconectado da vida operária em sua
concretude. Tenho pra mim que o Manifesto da FIARI que Trotski redige
com o chefe do surrealismo André Breton, é de de uma confusão
tremenda: "Toda licença em arte " e "independência da arte para a
Revolução ", são expressões vagas que na dinâmica da luta de classes
podem levar a um enfraquecimento cultural da classe operária: Obras
oníricas, individualistas, imersas em freudismo, são o oposto de obras
que comunicam corretamente a realidade do proletariado e
consequentemente ajudam na formação de sua consciência política. Tenho
pra mim que esta Federação Internacional de Arte Revolucionária
Independente não passou de uma manobra política infeliz de quem já
estava isolado culturalmente. Aliás, faço questão de dizer, que fui
voto vencido no LANTERNA quanto ao primeiro item do artigo Condições
Históricas para uma Arte Revolucionária, publicado nesta semana, e
que compactua neste mesmo item claramente com o anacrônico e sempre
equivocado estado de espírito da FIARI.
Diante das ameaças da cultura de massa defendo que a expressão arte
proletária deve ser retomada desde já pelos artistas revolucionários.
Uma arte objetiva, precisa, sem devaneios e delírios de surrealismos
irresponsáveis. Por fim, devo informar aos leitores que este meu
artigo já é de conhecimento do corpo de colaboradores do LANTERNA, e
que não tenho receio quanto as discordâncias de companheiros, que já
devem estar a caminho. Ao debate.
José Ferroso
seria em termos estéticos a resposta dada a uma sociedade submetida a
todas as bestialidades da cultura de massa? Não me sinto nem um pouco
acanhado em dizer que a saída está numa arte proletária. Antes que os
trotskistas comecem a berrar(e sei perfeitamente alguns deles se
encontram enquanto companheiros de Redação neste blog), devo
esclarecer que este é um conceito não somente atual mas necessário
para toda a América Latina que sofre com as imposições econômicas e
culturais da burguesia.
Arte proletária envolve uma produção plástica, literária,
cinematográfica, teatral, etc, que tem por tema os dramas da classe
operária e a crítica direta, didática a sociedade capitalista e suas
mazelas sociais. Estes dramas repercutem não de forma evasiva, dando
margem para reformismo(político e...estético), mas de forma
impactante, realista.Não julgo importante a origem sócio-econômica de
quem cria desde que seja um revolucionário comprometido com a denúncia
social e a defesa dos trabalhadores(Jorge Amado e Graciliano Ramos
seriam exemplos avançados disso na literatura brasileira de referência
aos jovens escritores revolucionários de hoje).
É comum que a crítica burguesa fique horrorizada com o caráter de
propaganda da arte proletária. Entretanto se a burguesia tem na
publicidade um forte sustentáculo ideológico, acredito que a arte pode
e deva ser um panfleto bem feito. Ser panfletário em arte não é crime,
mas uma necessidade de comunicação, de esclarecimento junto aos
trabalhadores. Se uma propaganda é dotada de dimensões estéticas, por
que a obra de arte também não pode funcionar enquanto propaganda
revolucionária para as massas? Defender a arte proletária hoje é ser
consequente politicamente, é abrir espaço para expressões artísticas
que dialogam com o real e que portanto não ficam no abstracionismo e
no relativismo próprios da arte contemporânea(realizada por artistas
da pequena-burguesia, sem rumos, completamente alienados).
Leon Trotski em seu livrinho Literatura e Revolução(1923) errou
feio em vários momentos. Errou primeiramente ao dizer que os
trabalhadores não podem ter uma arte própria, de classe, pois além de
não terem assimilado todo o legado artístico e literário, iriam
desaparecer enquanto classe no seio do comunismo. Isto é um erro
primário: O período de ditadura do proletariado pode não ser
breve(como bem demonstra no plano histórico) e necessita sim de uma
arte que seja expressão dos interesses históricos da classe operária.
Caso contrário o que ocorreria no socialismo do ponto de vista
artístico para sedimentar a Revolução? Apenas a revisão da História
literária e artística?Da Antiguidade clássica as vanguardas? Outro
erro do general do Exército vermelho está em achar que a arte
socialista será construída no futuro(mas o pior de tudo é achar que os
seus seguidores políticos pensam o mesmo até hoje!). Para completar os
equívocos da orientação cultural trotskista, Trotski defende um certo
liberalismo em arte, o que pode acarretar em irresponsabilidades
estéticas. É claro que considerações deste tipo só poderiam ter levado
ao encontro com o surrealismo: Movimento evasivo, profundamente
individualista, pequeno-burguês, desconectado da vida operária em sua
concretude. Tenho pra mim que o Manifesto da FIARI que Trotski redige
com o chefe do surrealismo André Breton, é de de uma confusão
tremenda: "Toda licença em arte " e "independência da arte para a
Revolução ", são expressões vagas que na dinâmica da luta de classes
podem levar a um enfraquecimento cultural da classe operária: Obras
oníricas, individualistas, imersas em freudismo, são o oposto de obras
que comunicam corretamente a realidade do proletariado e
consequentemente ajudam na formação de sua consciência política. Tenho
pra mim que esta Federação Internacional de Arte Revolucionária
Independente não passou de uma manobra política infeliz de quem já
estava isolado culturalmente. Aliás, faço questão de dizer, que fui
voto vencido no LANTERNA quanto ao primeiro item do artigo Condições
Históricas para uma Arte Revolucionária, publicado nesta semana, e
que compactua neste mesmo item claramente com o anacrônico e sempre
equivocado estado de espírito da FIARI.
Diante das ameaças da cultura de massa defendo que a expressão arte
proletária deve ser retomada desde já pelos artistas revolucionários.
Uma arte objetiva, precisa, sem devaneios e delírios de surrealismos
irresponsáveis. Por fim, devo informar aos leitores que este meu
artigo já é de conhecimento do corpo de colaboradores do LANTERNA, e
que não tenho receio quanto as discordâncias de companheiros, que já
devem estar a caminho. Ao debate.
José Ferroso
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