segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Os Stones em Cuba:



 Mick Jagger esteve em Cuba para acertar com as autoridades a possibilidade dos Rolling Stones tocarem na ilha. A notícia vem se espalhando ao mesmo tempo em que os Stones acabam por simbolizar, no quadro das relações capitalistas, uma atração que surge em consequência da "abertura" do regime cubano. Mas o que realmente pode significar a presença da banda inglesa na ilha? Será que este possível encontro possui alguma relação com aquilo que tanto a Revolução cubana quanto os Stones já representaram algum dia?
 Durante a década de sessenta, Cuba enquanto parte integrante do bloco de países liderados pela então URSS, desafiava o imperialismo norte americano: da condição de quintal explorado Cuba afirmou-se como expressão política de libertação dos povos latino americanos. Mas internamente o regime tido como " socialista " delineava uma atmosfera autoritária: nos campos cultural e político não apenas as forças reacionárias eram abafadas, mas tendências socialistas revolucionárias que destoavam do stalinismo de Fidel Castro(as lideranças operárias cubanas estavam submetidas ao controle político da burocracia); para artistas e intelectuais a coisa toda ficaria insuportável a partir dos anos setenta. Paralelamente, na Inglaterra, os Rolling Stones integravam um caldo contracultural que apesar de estar imerso em relações comerciais, desafiava a moral burguesa; o rock era o carro chefe musical da rebelião da juventude no interior dos países capitalistas. Porém, o rock era na ótica das burocracias do Segundo mundo um péssimo exemplo para a juventude; os Stones representariam a " decadência burguesa " , sendo que seus discos e influência comportamental eram nocivos em Cuba.
   Mas, em 2015, o que seria a Revolução cubana e quem seriam os Stones? Cuba hoje prova dos seus próprios erros históricos, configurados no nacionalismo e no isolamento político que só fortaleceram o cerco capitalista. Já os Stones fazem parte do status quo e suas músicas interessam apenas como clássicos do rock. Triste, não acham?


                                                                                               Tupinik
 

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