sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A experiência surrealista é necessária:


 Para ser subversiva a criação artística não pode falar  a língua do sistema estabelecido. Isto parece óbvio, mas é frequentemente esquecido nas práticas da militância cultural. A ordem burguesa não domina apenas a partir de um discurso racional(o qual garante a exploração) mas da internalização dos seus valores: a mercadoria no capitalismo avançado entra na pele dos trabalhadores, ainda que a economia esteja em crise. Diante da possibilidade do problema econômico dar margem para um trabalho político, que contribui com a consciência de classe, se faz necessário também revolucionar a subjetividade. Em nossa história recente ninguém foi mais longe neste campo do que o surrealismo.
 As ideias surrealistas, em boa parte diluídas pela mercantilização da própria arte surrealista, oferecem um campo de possibilidades poéticas que recuperam as nossas forças psíquicas. A subversão do cotidiano pelo maravilhoso,a descoberta da beleza convulsiva, profanam um mundo em que o dinheiro e as aparências são a regra da penitenciária mental. Evidentemente que a arte também deve denunciar e falar de ideias políticas, mas a experiência surrealista ataca a classe dominante em suas certezas racionalistas e amesquinhadoras da existência humana.


                                                                                   Os Independentes

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