terça-feira, 19 de março de 2013

EXIBIÇÃO DO FILME LA COMMUNE




O Boletim de Arte Revolucionária Lanterna promove em parceria com o
Museu da Imagem e do Som de Campinas a exibição de filmes.
Nosso objetivo é colaborar com o MIS que há tantos anos cumpre o papel
de principal trincheira do cineclubismo na cidade de Campinas.
Trata-se de um espaço aonde a exibição das mais variadas obras
cinematográficas é seguida de um debate livre entre os espectadores
que analisam os filmes, construindo assim novas interpretações sobre
os mesmos. No nosso entender isto tudo é uma grande contribuição para
a educação estética e política da população: é o momento no qual o
cinema deixa de ser comércio e torna-se um rito de passagem para a
compreensão da vida social.
Nossa primeira curadoria envolve a exibição do filme LA COMMUNE:
Sábado, 23 de Março – 16h
LA COMMUNE (Paris, 1871) - A COMUNA DE PARIS – Parte I – 2h45 min
Direção de Peter Watkins.
Sábado, 23 de Março – 19h30min
LA COMMUNE (Paris, 1871) - A COMUNA DE PARIS – Parte I I - 3h
Direção de Peter Watkins.

Publicamos abaixo o excelente texto que o Professor Caio N. de Toledo
gentilmente nos cedeu:

LA COMMUNE (Paris, 1871). Filme de Peter Watkins, 1999, 345 mins.

Peter Watkins, de origem britânica, foi diretor de vários
documentários produzidos por TV´s européias e de alguns filmes
comerciais (entre eles, Punishment Park, 1970). O conjunto da obra
desse “diretor maldito” (alguns de seus filmes foram censurados pelas
TV´s e boicotados por poderosas distribuidoras de cinema) se distingue
por uma contundente crítica à violência da guerra e ao papel dos meios
de comunicação, em particular da TV no capitalismo contemporâneo. A
este respeito, suas palavras são definitivas: "(...) (a TV) está nas
mãos de uma elite de poderosos, de magnatas, de executivos, de
diretores de programas e de produtores que dispõem de um poder
colossal e que impõem, por toda parte, a sua ideologia globalizante e
comercial, cruel e cínica, recusando obviamente a dividir este poder”.
Em La Commune, Watkins, de forma criativa e inteligente, coloca em
cena duas (imaginárias) emissoras de TV – a TV Versalhes (oficial) e a
TV Comunal (democrática e popular) – fazendo a cobertura e a
interpretação dos fatos ocorridos na COMUNA DE PARIS. Homens e
mulheres da classe trabalhadora, pequena e grande burguesia,
dirigentes comunardos, soldados da guarda nacional, militares leais ao
governo, religiosos, jornalistas, porta-vozes da burguesia etc.
manifestam abertamente suas conflitivas opiniões e expectativas
políticas e sociais. Difícil será encontrar na filmografia mundial um
documento mais instigante e elucidativo sobre a luta ideológica na
sociedade de classes. Embora irrestritamente simpático à experiência
da COMUNA, o filme é uma criteriosa e rigorosa reconstrução histórica
desse evento. La Commune revela o júbilo e as generosas expectativas
vividas pelas classes populares e trabalhadoras com a conquista do
poder político em Paris; contudo, de forma alguma apologético ou
simplificador, o filme mostra as dificuldades, os conflitos e os
dilemas que enfrentam homens e mulheres – ainda inexperientes
politicamente e acossados duramente pela reação conservadora e
repressão militar – quando buscaram construir um governo radicalmente
democrático e socialmente emancipador. Ao propor estas questões, o
filme inova ao levar seus atores - a grande maioria não tinha nenhuma
experiência cinematográfica anterior – a refletir sobre o papel que
representaram no filme bem como discutir, coletivamente, os problemas
sociais e políticos enfrentados por todos eles ao final do século XX.
Por meio de um intenso, dilacerante e inteligente debate comprovam-se
que os ideais e as bandeiras da COMUNA DE PARIS continuam vivos e
ainda tremulam na ordem capitalista contemporânea.



Caio N. de Toledo(IFICH).

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