quarta-feira, 24 de junho de 2015
Cantar ou não cantar em Israel?
Pois é, a polêmica parece não ter fim: Caetano Veloso respondeu a Roger Waters sobre o pedido deste último para o cancelamento do show do compositor brasileiro em Israel. Na carta que foi publicada no jornal O Globo, Caetano afirma que gostaria de ver Israel e Palestina como Estados soberanos. O músico defendeu ainda o direito de ter a sua própria maneira de pensar, ainda que ele seja contrário à política de Israel. Como posicionar-se diante destes dois gigantes que ajudaram a revolucionar a música no século XX ? Ao que tudo indica a questão é, sob o ponto de vista político, bem mais complexa do que simplesmente cantar ou não em Israel.
Tanto Caetano Veloso, quanto Gilberto Gil e a banda Pink Floyd revolucionaram esteticamente a música. Porém, a exemplo de quase tudo aquilo que existe na produção musical, são vinculados às práticas capitalistas da indústria. Ainda que isto esteja longe de desqualificar a qualidade e os aspectos progressistas da música destes artistas, o fato é que um músico não passa a ser politicamente avançado pelo fato cantar ou não em um país imperialista. Isto é pouco: se a questão é cobrar uma posição política do músico, é preciso que este atue junto ao movimento dos trabalhadores para lutar contra o conjunto das formas de dominação do capital. Seria preciso não apenas romper relações com Israel, mas com os EUA, a Inglaterra, o Japão e qualquer outra potência capitalista. As relações entre música e política são bem mais profundas... Por hora, vamos ouvir e aprender com as formas libertárias contidas na música, de Caetano, Gil e Pink Floyd.
Tupinik
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