quinta-feira, 4 de junho de 2015
O que falta é delírio e atrevimento:
Dentro da arte que almeja demolir o gosto e os valores burgueses, não se deve meditar tanto sobre filosofia política. Se estar contra a cultura dominante pressupõe necessariamente uma posição política anticapitalista, a criação artística é mais do que uma relação causal como um determinado pensamento político. Se sempre fazemos questão de elogiar o ponto de vista e a atuação dos surrealistas, dadaístas e de gente metida com contracultura, é porque estes apresentam um tipo de ação cujo temperamento e as implicações expressivas valem mais que uma arte cerebral.
Na tentativa de uniformizar os comportamentos, de castrar o desejo e moldar a percepção, setores reacionários abastecidos com o poder do capital querem indivíduos medíocres, previsíveis. Mas é aí que a arte entra: delírio e atrevimento dão o tempero da contestação social/política.
Marta Dinamite
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