segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A vida e a escrita para os beats:


É difícil produzir literatura em momentos históricos conservadores. No Brasil atual, a mesma dificuldade que trabalhadores e estudantes enfrentam na hora de lutar pelos seus direitos mais elementares, é parecida com as barreiras moralistas que um escritor libertário encontra para fazer dos seus escritos um contraponto ao conservadorismo(inclusive religioso) que toma o país. Porém, quando olhamos para a coragem e as dificuldades que os autores da chamada Beat generation tiveram nos anos 40 e 50, encontramos não apenas consolo mas modelos contraculturais para uma literatura necessária.
 Ginsberg, Kerouac e outros malucos maravilhosos pesquisaram a alforria do verbo justamente porque fizeram da escrita não uma barreira entre o vivido e o pensado, mas a expressão direta da experiência sensível. Escrevendo eles davam voz a tudo aquilo que a América burguesa procura(até hoje) colocar debaixo do tapete. Opondo-se ao puritanismo os beats construíram de modo nada simétrico os alicerces para a rebelião juvenil das décadas de 60 e 70. Esta herança estética coloca-se não enquanto particularidade da história da literatura dos EUA, mas como vulcão internacional que quando relido pode fazer muito barulho num Brasil tão careta como o de hoje.

                     
                                                                                         Marta Dinamite

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