A escola literária do século XIX denominada naturalismo, dividiu opiniões dentro da crítica literária marxista. Leon Trotski, um leitor de Zola, ressaltou suas qualidades estéticas que contribuem para a compreensão das contradições de uma época. Já Georg Lukács, defensor de uma concepção peculiar do realismo, abominava o naturalismo. Mas pensando num romancista revolucionário de hoje, será que a estética naturalista pode apresentar algum tipo de contribuição?
Existem inúmeros aspectos datados na literatura naturalista. Sem sombra de dúvida a questão da hereditariedade, do evolucionismo biológico aplicado à realidade social, não foi apenas superada mas sempre fora equivocada na apreensão literária da realidade. Apesar deste equívoco, o naturalismo ainda é uma receita brutal na hora de se realizar retratos sociais. A crueza e a violência que um romance naturalista pode abarcar, certamente é um contraponto político na atual sociedade, aonde a imagem ilusória de um mundinho perfumado e alienado, impede com que a realidade seja questionada. Apesar de muitos escritores naturalistas terem sido politicamente homens reacionários, o naturalismo é uma bomba nas mãos do escritor de esquerda. Não é por acaso que escritores da chamada literatura periférica de hoje, tomam o naturalismo como referência para o seu trabalho.
Lúcia Gravas
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