quarta-feira, 26 de agosto de 2015

David: pintor revolucionário ou contra-revolucionário?


 Jean Jaques Louis David não é apenas um pilar da estética neoclássica. O pintor francês também é lembrado pelo seu engajamento na Revolução francesa e pelas suas ligações políticas com o Império napoleônico. Este " vidraceiro da Revolução " como era chamado pelos críticos girondinos, foi pioneiro em fazer da pintura a construção de imagens revolucionárias, que arrebentavam com pinceladas e canhões a sociedade do Antigo Regime. Entretanto, como explicar que o artista militante do Clube dos Jacobinos, amigo de Robespierre e Marat, tenha se tornado pintor oficial do império de Napoleão Bonaparte?
 Longe de ser mera curiosidade para historiadores da arte ou especialistas acadêmicos, este exemplo histórico nos mostra que todo artista revolucionário necessita de coerência política se quiser que sua obra contribua com a libertação dos setores oprimidos. O fato é que a dimensão revolucionária da pintura de David, iria conformar-se plasticamente com a propaganda política da contra-revolução de Napoleão.  Criar a imagem de um Napoleão heroico foi um gesto de capitulação que renegou as raízes jacobinas do artista.

                                                                                          Lenito

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