É comum verificarmos, entre boa parte dos poetas atuais, a necessidade de uma escrita sem algemas. Ou seja, o relato em que os aspectos íntimos e políticos do poeta se confundem não comporta o formalismo, mas exige versos livres. Esta consciência literária encontra seu amparo na poesia beat, sobretudo no trabalho do poeta norte americano Allen Ginsberg. Com a mesma facilidade com que descolamos um exemplar de Uivo(1956) ou A Queda da América(1979), e nos deslocamos diretamente para um bar ou uma praça para ler os versos deste que é o poeta libertário mais controvertido do pós-guerra, podemos escrever um poema sobre estas e outras experiências. Quer dizer, a poesia beat é expressão orgânica dos ritmos vitais, do cotidiano, das ruas, daquilo que observamos, lemos, cantamos, etc e tal.
Ginsberg nos mostra que o poema é um canto enlouquecido, aonde cabe a um só tempo o delírio, o erotismo e a crítica social. Enquanto que alguns beats se perdiam de forma individualista em suas estradas interiores, Ginsberg fez da poesia uma forma de participação(e de contestação). Para ele a poesia é como um blues, em que a dor, a solidão e o desespero são exteriorizados numa estonteante beleza que está à margem da cultura estabelecida. Esta condição de escritor marginal é o que permite nos dirigirmos não para o abismo sem nexo mas para a revolta contra as formas de opressão.
Os Independentes
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