Glauber Rocha não foi apenas o principal cabeça do cinema brasileiro. Hoje é amplamente conhecida a colaboração deste inventivo esteta no plano da teoria revolucionária da arte. Em Glauber manifestos, artigos e experimentos literários compõem junto ao seu legado cinematográfico, uma inquietante busca pelo povo brasileiro e sua missão histórica revolucionária. Porém, é incrível o fato deste cara ter sido tão esculhambado e incompreendido pela esquerda brasileira.
A imagem que resume as polêmicas de Glauber Rocha nos âmbitos da porraloquice ou do culturalismo, só podem servir aos interesses políticos mais reacionários. Hoje em dia por exemplo, existem acadêmicos que guiados pelas mãos furadas da análise culturalista, pretendem fazer uma leitura de Glauber que esvazia sua verve revolucionária e o coloca como um pensador formalista da cultura brasileira. Mas é fácil rebater esta gente a partir dos próprios escritos de Glauber Rocha: da Estética da Fome(1965) até os labirintos oníricos da Estética do Sonho(1971), Glauber nunca deixou de defender e proclamar em alto e bom tom a arte revolucionaria. Portanto, o grilo todo mora nas limitações estéticas da esquerda stalinista e não na postura política de Glauber, que sempre foi revolucionária.
Glauber confunde a esquerda e a direita não estando acima mas dentro da luta de classes. Seu pensamento artístico livre, serve aos mais claros propósitos revolucionários. É neste sentido que um romance louquíssimo como Riverão Sussuarana (1978) é uma baita lição surrealista que serve para abrir a cabeça de todo e qualquer escritor e cineasta brasileiro. Glauber tem mais a ver com marxismo do que com o conservadorismo culturalista.
Os Independentes
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