sexta-feira, 13 de março de 2015

Arte, literatura e a realidade concreta:

Não são poucos os artistas e teóricos que procuram reprimir as implicações políticas da criação artística. Em tempos de conservadorismo político, cabe insistir na denúncia de teorias que  dissociam a estética da revolução social. É comum encontrarmos intelectuais que fazem uso da arte para destruir as lições filosóficas do materialismo dialético. Geralmente o corpo é tomado enquanto ponto de partida individualista para fragmentar a consciência: não haveria uma realidade material pré existente, mas tão somente um exercício relativista, no qual a percepção seria um elemento flutuante. Sendo assim, o olhar político por meio da criação artística seria um ato que nasce da percepção dissociada das determinações econômicas e políticas. 
 Bem, que diabos significa dizer que o escritor e o artista possuem tão somente uma percepção particular da realidade concreta? Significa dizer que não existe realidade mas apenas discursos, apreensões sensíveis, que nunca poderão chegar a um parecer objetivo sobre a História. Contra esta visão asquerosa que serve aos propósitos políticos da classe dominante, devemos defender uma conduta artística e literária na qual a dimensão estética reage contra as determinações do modo de produção capitalista. Se o corpo é naturalmente o ponto de partida da realização estética, não se pode negligenciar que o trabalho e toda a História da humanidade nada mais são do que extensões do próprio corpo. A arte nasce do corpo e este não está fora de um determinado modo de produção.  Quem quiser aventurar-se pelas letras e pelas artes sem tornar-se uma borboleta que flutua inutilmente sobre as consciências, precisa conhecer as lições revolucionárias do marxismo. A criação literária tem muito a ganhar com as análises de Engels sobre o papel que a literatura ocupa na História. 


                                                                                                        Lenito

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