Adaptações de textos literários são estratégias recorrentes entre diretores ao longo da História do cinema. Estando claro que o cineasta é um intérprete da obra literária, esta não pode subjugar os elementos que são específicos da linguagem cinematográfica: o filme não está preso ao texto, sendo que a montagem flui a partir da palavra escrita. Tratando-se das relações entre o cinema e a literatura no Brasil, encontramos exemplos que resultam tanto em obras revolucionárias quanto em obras conservadoras. Levando em conta que tanto o escritor quanto o cineastas são autores, é indispensável dizer que um produto progressista decorre da posição política de esquerda que ambos podem e devem assumir.
Se tomarmos Graciliano Ramos como exemplo, não se pode considerar a hipótese de um cineasta reacionário realizar a adaptação de algum dos romances do escritor alagoano. Nelson Pereira dos Santos e Leon Hirszman, por exemplo, conseguiram adaptar de modo magistral o universo estético de Graciliano porque ambos os cineastas revelam uma posição política revolucionária. No Brasil o casamento entre cinema e literatura depende de uma motivação política transformadora.
José Ferroso
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