sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Glauber Rocha contra a demagogia estética:

Apesar de fazer cinema voltado para a realidade social, nunca admiti nenhuma forma de demagogia estética em face de uma arte política; porque o que acontece é que existem intelectuais, escritores, artistas e cineastas que justificam uma péssima qualidade da obra artística em nome de intenção política progressista. Isso é traição que não admito porque acredito que o fenômeno político, o fenômeno social só ganham importância artística quando expressos através de uma obra de arte que esteja colocada numa perspectiva estética. Ou seja, a bela frase de Brecht que diz: " para novas ideias, novas formas ". Não há outra saída. De modo que me desagradaram as teorias de arte política feitas em termos não só de realismo socialista como as teorias de realismo crítico definidas por Lukács e todos quantos escreveram sobre a arte revolucionária. Especialmente na América Latina, onde se encontram grandes intenções nas declarações, mas os resultados denotam uma alienação completa em relação ao processo cinematográfico. Ou seja, autores que combatem a alienação do ponto de vista sócio político realizam filmes que - em sua maioria - aparecerem profundamente alienados e que estão, no fundo, ligados aos preconceitos culturais colonialistas do cinema americano ou europeu.


                                              Glauber Rocha, 1969.

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