sábado, 23 de novembro de 2013

Manifesto de Outubro:

Na época atual, todos os modos de expressão artística devem ter o seu lugar no seio da revolução cultural socialista. As artes do espaço - arquitetura, pintura, escultura, grafismo, artes industriais, fotografia, cinema, etc - não conseguirão sair da crise que atravessam senão se colocando a serviço da classe operária hegemônica que guia o campesinato e os povos atrasados.
 Essas artes tem duas tarefas: a) a propaganda ideológica; b) a produção e a ordenação imediata de byt coletivo(arquitetura, artes decorativas, industriais).
 O objetivo principal de colocar-se a serviço da revolução proletária é a elevação do nível ideológico e cultural das camadas retardatárias da classe operária, que permanecem sob a influência de classes hostis, ao nível do proletariado industrial avançado, que edifica, conscientemente, o socialismo(recorrendo á planificação , á disciplina, á técnica industrial).
 Esses princípios estão na base do desenvolvimento socioeconômico de nosso país. Somente a arte ficou para trás, devido á sobrevivência em seu seio de tradições estreitamente artesanais e corporativas.
 Hoje a tarefa é liquidar essa desproporção entre o desenvolvimento da arte e o da economia e do social.
 Os artistas conscientes disso tem por objetivo:
1- o artista da época da ditadura do proletariado não se concebe como um artista individual que reflete passivamente a realidade, e sim como um combatente ativo na frente ideológica da revolução proletária; que organiza em seu trabalho o psiquismo das massas e participa da formalização de um novo byt.
 Essa visada força-o a trabalhar sobre si mesmo e a estar á altura do nível ideológico da vanguarda proletária revolucionária.
2- Ele deve operar uma reavaliação crítica de todas as aquisições formais e técnicas da arte do passado.
As realizações das últimas décadas são de grande importância para a arte proletária, pois o procedimento planejado e construtivo da arte que a pequena burguesia havia rejeitado foi reencontrado e ampliado.
 O processo que então teve início é o da penetração dos métodos dialéticos e materialistas na criação, que antes não eram percebidos conscientemente, e o da penetração de métodos maquinistas e fundados nas técnicas dos laboratórios científicos: ele já contribuiu e pode contribuir para o desenvolvimento futuro da arte proletária.
 Mas a tarefa prioritária do artista proletário não é uma agregação eclética de antigos procedimentos,e sim a criação com base em técnicas de um novo tipo e de um novo estilo nas artes do espaço.
 3- A orientação dos objetivos da arte que exprime os interesses culturais do proletário revolucionário deve incluir a propaganda pelos meios das artes do espaço que sejam mais expressivos para a concepção do mundo do materialismo dialético,e a formalização material das formas coletivas de massa da nova vida.
 Ao mesmo tempo, rejeitamos o realismo pequeno burguês dos epígonos, o realismo do byt estagnante, individual, passivo e contemplativo, estático, o realismo naturalista que, infrutiferamente, copia a realidade, embeleza e canoniza o antigo byt, que atravanca a energia e enfraquece a vontade do proletariado que não esteja maduro culturalmente.
 Aceitamos e vamos construir o realismo proletário que exprima a vontade da classe revolucionária ativa, um realismo dinâmico que mostre a vida em movimento, que abra de maneira planejada as perspectivas da vida, um realismo que produz objetos, que reconstrói, racionalmente, o antigo byt, que age, por todos os meios da arte, no cerne da luta e da construção.
 Mas, ao mesmo tempo, rejeitamos o o industrialismo estético abstrato e o tecnicismo cru, que apresentam como arte revolucionária.
 Salientamos que, para a ação criadora da arte sobre a vida, é preciso empregar todos os meios de expressão próprios aquela formalização que organiza de maneira mais efetiva a consciência e a esfera emocional e volitiva do proletariado e das massas laboriosas que o seguem.
 É nesse objetivo que a cooperação orgânica de todos os tipos de arte do espaço deve tomar corpo.
4- A arte proletária deve abolir as relações individuais e mercantis que dominam a arte de hoje, renunciando á concepção burocrática da " encomenda social " que se instaurou nos últimos tempos. Procuramos a encomenda social dos coletivos de consumidores que encomendam as obras de arte para objetos concretos e participam coletivamente da concepção dos objetos.
 Tal abordagem aumenta o peso das artes industriais, que no seio da produção e do consumo coletivos, produzem um efeito durável.
 5- Para atingir o máximo de resultados, tentamos concentrar nossos esforços nos seguintes pontos fortes:
 a) no campo da construção planejada, no problema do novo alojamento, do edifício social, etc;
 b) na formalização artística dos objetos de consumo de massa produzidos industrialmente;
 c) na formalização dos centros do novo byt coletivo: clubes operários, izbas-bibliotecas, cantinas, casas de chá, etc;
 d) Na organização das festas de massa;
 e) na educação artística.
 Estamos persuadidos de que o caminho que abrimos pode estimular o crescimento impetuoso das forças criadoras nas grandes massas.
Sustentamos esse crescimento das tendências criativas das massas, já que sabemos que o processo essencial da arte do espaço, na URSS, conduz á fusão da arte dos amadores dos círculos artísticos proletários, dos clubes operários e da arte amadora rural com a arte profissional altamente qualificada, que artisticamente está á altura da época industrial.
 Seguindo essa direção, a arte proletária ultrapassa ultrapassa o slogan do período intermediário- " a arte nas massas " - e abre caminho para " a arte das massas ".
 Aceitando o princípio essencial da nova construção econômica e social a disciplina, o planejamento e o coletivismo, o grupo Outubro instala uma nova disciplina de trabalho que liga os membros da associação á base dos princípios acima, que devem ser aprofundados ulteriormente  no trabalho criativo, ideológico e social do grupo.
 Ao assinar esse manifesto, nós nos afastamos de todos os grupos artísticos existentes, e que são ativos no campo das artes do espaço. Estamos prontos para colaborar com eles sobre a base da aceitação prática dos nossos princípios.
 Saudamos a ideia de uma federação dos grupos artísticos e apoiaremos todos os passos sérios nesse sentido.
 Começamos a trabalhar em uma época transitória para o desenvolvimento das artes plásticas na URSS. O processo natural da tomada de consciência cultural e ideológica das forças essenciais do mundo soviético atual é freado  por fenômenos malsãos. Devemos declarar que rejeitamos o sistema do mecenato pessoal ou de grupos e a proteção de certas correntes artísticas e de artistas, que se tornaram praxe e que entravam o crescimento orgânico da arte soviética, que corrompem os artistas.
 Somos a favor da competição normal e ilimitada entre correntes e escolas., baseada em seu controle do crescimento das qualidades artísticas e das pesquisas estilísticas.
 Mas rejeitamos a concorrência malsã entre grupos, baseada nas pesquisas de demanda e da proteção de personalidades influentes e de organizações.
 Rejeitamos toda pretensão ao monopólio ideológico e á representação monopolista dos interesses artísticos das massas operárias e camponesas de qualquer grupo artístico.
 Rejeitamos o sistema de privilégios morais e materiais de um grupo artístico artificialmente criado, em detrimento de outros grupos, como algo que contradiz fundamentalmente os princípios do Estado e do Partido.
 Rejeitamos a especulação sobre encomenda social que se faz sob a máscara do tema revolucionário do realismo do byt e que substitui o trabalho sério na formalização da concepção do mundo revolucionária pelo trabalho primitivo de um tema revolucionário inventado ás pressas.
 Somos contra a ditadura dos elementos pequeno burgueses nas artes do espaço e somos pela maturidade cultural, o controle artístico e a consciência ideológica de novos artistas proletários que crescem e se desenvolvem rapidamente.
 Camadas do proletariado artisticamente vanguardistas, ativas e interessadas na arte crescem sob nossos olhos. A arte amadora de massa atrai multidões para o trabalho artístico. Esse trabalho está ligado á luta de classe, ao desenvolvimento industrial e a transformação do byt. Esse trabalho exige franqueza, qualificação, maturidade cultural, consciência revolucionária.
 É a esse trabalho que consagramos todas as nossas forças.
 O membros fundadores do grupo são artistas produtivistas, os críticos de arte e os seguintes cientistas:
A.Aléxéiev, A.A e V.A Vesnin, E.G Weiss, Aléxei Gan, M.I Guinzbourg, A.I Gutnov, A.I Damskii, A.Deineka, Debrokóvski, V. Letkin, P.I Irbit, Klutisis, Kreichik, A. Kurrela, Lapin, I.L Matsa, A.I Mikhailov, D. Moor, P.I Novitski, A.I Ostriestsov, Diego Rivera, N.Sedielnikov, Sienkin, Spirov, N.G Talaktsev, S.B Telingater, V.Toot, Bela Uitz, Freiberg, E. Chub, N.S Shineider, S.M Eisenstein.


                                           Grupo Outubro, 1928.  

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