Quando pensamos nas relações entre estética e política, surgem dois perigos reacionários: o primeiro é aquele que estetiza a realidade política, servindo assim para fundamentar o irracionalismo de doutrinas políticas como fascismo. O segundo envolve a subordinação da esfera da arte aos ditames de uma organização política; o que só pode dar no stalinismo. Certamente que estas posições conservadoras não possuem nenhuma relação com a dimensão revolucionária da arte.
A experiência artística é por si só uma forma de transgressão. Citando Marcuse, a arte invalida um princípio de realidade ao apresentar uma outra realidade. Esta realidade " paralela " que a arte apresenta, deve exprimir as aspirações políticas revolucionárias sem necessariamente falar de ideias políticas. Ou seja, as contradições de uma realidade que impede pela exploração do trabalho e pelo controle do corpo o acesso " à verdadeira vida "(para citar Breton) , são denunciadas pelo próprio impulso criativo. Portanto a coisa mais revolucionária que um artista pode fazer é criar, e com isto quero dizer que a criação é nada menos que a própria exteriorização do desejo reprimido. A criação artística envolve a elaboração de uma linguagem que rompe com os padrões de comunicação da classe dominante. É pois a arte livre que aponta para a necessidade da revolução socialista.
Tupinik
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