quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A desconstrução da linguagem cinematográfica é um ato político revolucionário:

Jean Luc Godard chamou a atenção dos comunistas franceses em 1967 , quando afirmou que a esquerda possui uma formação cinematográfica conservadora. Esta observação ocorrida no ano em que o cineasta francês lançou o provocativo filme A Chinesa, revela-se ainda extremamente pertinente. Não adianta nada possuir uma formação política progressista e uma formação cinematográfica reacionária. Esta contradição recorrente na educação do militante de esquerda, gera um grande descompasso ideológico na interpretação da imagem e logo na própria interpretação da realidade política. Ainda mais quando no atual momento histórico, a plasticidade imperialista dos filmes hollywoodianos e do cinema comercial brasileiro, acaba por reforçar as ilusões diante das cenas. 
 Um filme nunca é revolucionário quando o cineasta não se interroga sobre os elementos técnicos, gramaticais e estéticos que compreendem a linguagem cinematográfica. O anestesiamento diante de uma situação fictícia representada na cena de um filme, já deu provas quanto aos fins políticos que ele serve: a ilusão de que personagens e situações são " reais ", (ainda que o tema possa ser fantasioso) faz com que o espectador encontre-se passivo diante da orquestração do pensamento do cineasta; no contexto comercial o diretor fica oculto, quietinho, negligenciando que a sua maneira de representar fatos obedece a uma determinada ideologia política(ainda que ele não faça menor ideia de qual seja a sua). 
 As experiências audiovisuais mais inovadoras de ontem e de hoje, precisam desafiar/provocar o olhar do espectador que devora porcarias com os olhos. Filmar e exibir filmes são atos de militância tão urgentes quanto panfletar e participar de reuniões ou assembleias. 


                                                                                          Os Independentes  

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