Para a garotada esperta, é uma piada privar a música brasileira das influências internacionais.Chegamos a um momento culturalmente positivo, em que a contestação social por meio da música popular não respeita qualquer espécie de fronteira nacional. Mas misturar não implica em despolitizar: na mais completa ausência de separações estéticas, é preciso cultivar a força revolucionária(ou ao menos transgressora) da cultura brasileira.
O som universal reivindicado pelos tropicalistas no final dos anos sessenta, não era hibridismo culturalista, mas uma reação estética/política ao descompasso da MPB convencional em relação ao avalanche internacional da cultura jovem(que até então era progressista). O resultado da ousadia tropicalista está numa produção musical que não fica atrás daquilo que havia de mais avançado na música internacional. A prova disso pode ser sentida no álbum duplo Gilberto Gil e Gal Costa: Live in London(1971); uma pérola musical que foi lançada no início do semestre. Gil e Gal(assim como Caetano, os Mutantes e Tom Zé) revelaram no plano internacional uma atitude de vanguarda, libertando nossa música de traumas coloniais. Mas feitas estas conquistas estéticas, em qual direção deve-se seguir?
É verdade, muita coisa boa rolou(e rola) na música brasileira nas últimas quatro décadas. Porém, parece que a verdade opressora do mercado aceitou todas as estéticas, enquanto que a esquerda perdeu o fôlego no campo musical. Se a atitude tropicalista foi um avanço diante do nacionalismo do samba(diga-se de passagem: o samba é revolucionário, mas os stalinistas o aparelharam no século passado...), a esquerda avançou pouco nas discussões musicais. É preciso de alguma maneira retomar o fio da meada.
Tupinik
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