Existem muitas dificuldades para o pesquisador interessado em compreender as relações entre arte e socialismo na China. Estas dificuldades passam pelo difícil acesso ao legado artístico contemporâneo da China e por uma bibliografia orquestrada por jornalistas, críticos e historiadores que na maioria das vezes emitem julgamentos viciados, maniqueístas e declaradamente anticomunistas(o que prejudica a reflexão estética sob o ponto de vista marxista). Penso que o estudo sobre a " arte socialista " chinesa não é algo que interesse tão somente aos maoistas e defensores do realismo socialista(se é que é possível defender o realismo socialista hoje em dia). As correntes do marxismo, de um modo geral, podem beneficiar-se de análises cujo objetivo não é a propaganda ideológica por meio da pesquisa(como os intelectuais burgueses fazem) mas a crítica e o entendimento da criação artística na China dos últimos 65 anos.
Apesar de termos acesso a alguns cartazes, algumas pinturas e alguns poemas chineses, produzidos sobretudo durante a polêmica Revolução cultural dos anos sessenta, ainda falta muito material. No caso do cinema por exemplo, isto torna-se mais evidente: se hoje em dia dispomos de caixas de DVD`s sobre o cinema soviético, o cinema revolucionário chinês é algo praticamente desconhecido, que não foi devidamente discutido e estudado pela esquerda brasileira. Mas qual seria a relevância estética de toda esta produção artística? Antes cairmos no mérito do processo criativo e da problemática questão envolvendo o culto realizado em torno de Mao Tsé Tung , devemos levar em conta que perante todas as contradições do socialismo chinês erguido em 1949, a questão cultural esteve diretamente ou indiretamente presente. A separação entre trabalho intelectual e trabalho material que foi questionada pelo maoismo, traz um espinhoso terreno que os marxistas precisam levar em conta para prosseguirmos nos debates.
Geraldo Vermelhão/José Ferroso
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