O empobrecimento da experiência a que refere-se Walter Benjamin, é um dado que não cessa de crescer na sociedade contemporânea. Interessados em estratégias culturais capazes de enriquecerem a subjetividade, ao mesmo tempo em que estas acionam para um questionamento político profundo do capitalismo, devemos sempre refletir sobre o potencial de intervenção contido no texto literário. Ainda que a literatura aparentemente surja enfraquecida dentro da cultura audiovisual, sua carga política é o que nos ajuda no trabalho diário para armar a consciência do proletariado. É inclusive a própria narrativa literária um elemento capaz de oferecer sustentação expressiva para outras formas de arte, como o cinema e o teatro.
Quando capital pretende isolar os trabalhadores na rotina encerrada sobre a alienação no espaço do trabalho e do lazer(ou seja, o próprio o lazer é cada vez mais subordinado aos apelos ideológicos contidos na cultura mercantilizada), o texto literário não deve aparecer como refúgio ou gesto formalista. Optar pela difusão de obras literárias que interferem sobre a sensibilidade da classe operária, significa colaborar com o fortalecimento político desta classe. A narrativa no plano do romance por exemplo, é o que ajuda na leitura da própria realidade: diante da fragmentação da consciência, a narrativa auxilia na reflexão sobre um mundo fragmentado pelo capitalismo.
Lúcia Gravas
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